São Paulo, domingo, 1 de junho de 1997
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Casais cruzam América do Sul de moto

JOSÉ CARLOS CHAVES
EDITOR DE VEÍCULOS

Uma viagem de 20.000 km pela América do Sul, feita por um grupo de motociclistas, poderia passar como uma pequena aventura, não fosse por um detalhe inusitado de seus integrantes: são oito casais, 16 pessoas com idades variando entre 26 e 49 anos.
O comerciante Erasmo da Silva Azevedo, 48, é considerado o veterano da turma, pois é o único que participou de todas as viagens do grupo Rupio Negro, de Curitiba (PR). Entre fotos e roteiros bem detalhados, Azevedo conta que, durante 55 dias, a caravana atravessou a selva amazônica, o deserto peruano, as montanhas andinas e até reservas indígenas.
Pelo caminho, maridos e mulheres enfrentaram frio de -7°C e altitudes de 5.470 metros, nos Andes peruanos. Na Transamazônica, suaram sob um calor de 43°C.
Se alguém pensar que a aventura foi meramente fruto de coragem, o comerciante rebate o argumento. Ele explica que cada quilômetro foi minuciosamente planejado.
O levantamento do percurso levou em torno de seis meses. Buscaram-se informações em mapas, companhias de ônibus e polícias rodoviárias para obter todos os detalhes, como distâncias, altitude, pontos de abastecimento, locais para pernoite, condições da estrada e até localização de atoleiros.
Azevedo diz que nesse trabalho de coleta de informações 64 pessoas ajudaram de alguma forma, entre amigos, empresas e consulados, numa eterna troca de telefonemas e faxes. Havia reuniões regulares a cada 45 dias.
Segundo o veterano, o custo total da aventura foi de cerca de US$ 6.000 por casal, incluindo despesas com alimentação, hospedagem, manutenção das motos e até algumas "lembrancinhas", como artesanato local. "Mas pouca coisa, pois a gente precisava levar tudo nas motos", arremata Azevedo.
As motos
As oito motos (uma 1100 GS, da BMW, quatro XTZ 750 Super Ténéré, duas XT 600 Z Ténéré e uma XT 600 E, todas da Yamaha) não apresentaram avarias graves. Foram apenas trincas de chassis e quebras de amortecedor, geralmente ocasionadas por quedas ou pisos em péssimo estado -17,5% da viagem foi em estradas de terra.
Além de piloto e garupa, cada moto levava 35 kg de peças de reposição, ferramentas e bagagem, o que totalizava 400 kg de peso.
O planejamento para o próximo roteiro já começou: um giro pela África do Sul, que começa no dia 26 de dezembro de 98 e deve consumir US$ 10 mil por casal.
Para quem sentiu uma ponta de inveja, uma dica do aventureiro: "Compre a moto, marque a data e a viagem. Se não for assim, você não vai nunca. Não tem nada a ver com coragem, é determinação".

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