São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997
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Para religiosos, não há sucessor

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Frei Damião não deixou sucessores e a sua morte encerra um ciclo de sacerdotes messiânicos adorados como santos no Nordeste, segundo religiosos e teólogos ouvidos pela Agência Folha.
Antes dele, neste século, houve o padre Cícero (1844-1934). Histórica e religiosamente, os dois têm diferenças, mas no "imaginário popular ambos ocupam o mesmo espaço", na opinião do doutor em teologia Inácio Strieder, 57.
Padre Cícero foi sacerdote e político (chegou a ser prefeito e deputado federal), centrou suas atividades na região do Juazeiro do Norte (CE) e teve conflitos com a igreja, que chegou a puni-lo.
Frei Damião nunca exerceu atividade política, fazia pregações por todo o Nordeste e teve uma atuação voltada prioritariamente para o terreno religioso.
Para o bispo de Petrolina (780 km de Recife), d. Paulo Cardoso, o trabalho desempenhado pelo frei Damião era "único" e não poderá ser cumprido por outro.
A forma de comunicação de frei Damião também está enfraquecida nos dias de hoje.
O frade fazia questão de falar com cada fiel, nem que tivesse de passar horas escutando pessoas que faziam fila para ouvi-lo e receber sua bênção.
O discurso utilizado por frei Damião (em que o inferno era sempre utilizado como ameaça para os "pecadores") também não seria utilizado pelos religiosos de hoje, segundo análise de Strider.

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