São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997
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Cooperativas aquecem o mercado de imóveis

JULIANA GARÇON
DA REPORTAGEM LOCAL

As cooperativas são responsáveis por quase 60% das unidades habitacionais oferecidas este ano na região metropolitana da São Paulo.
A avaliação é de João Amaral D'Avila, diretor da consultoria imobiliária Amaral D'Avila. Esse tipo de lançamento bateu a marca de 20 mil unidades em 96 e deve chegar a 70 mil em 97, diz.
Segundo D'Avila, no setor da habitação, as cooperativas responderam por US$ 800 milhões dos US$ 4,3 bilhões em lançamentos em 96.
D'Avila calcula que os resultados do mercado imobiliário em 96 teriam sido piores do que os de 95 -ano de crescimento pouco expressivo no setor- caso a explosão das cooperativas habitacionais não tivesse acontecido.
A explosão se deve à carência de financiamentos para a faixa da população que tem renda mensal de 8 a 20 salários mínimos.
"As incorporadoras, que vinham atendendo as classes alta e média-alta, estenderam seus planos para a classe média mas não alcançaram os consumidores que só poderiam pagar prestações de R$ 300 a R$ 400", analisa D'Avila.
Luís Paulo Pompéia, diretor da consultoria Embraesp, afirma que esse "é o segmento que tem maior demanda e maior déficit."
O sucesso do cooperativismo levou quatro entidades do setor a fazer um manual de orientação para interessados em participar de cooperativas habitacionais, lançado neste mês em São Paulo.
Ele acredita que os imóveis dessa modalidade e os de incorporadoras são produtos diferentes. Mesmo assim, acha que as incorporadoras baixarão os preços para não perder mercado.
José Paim, diretor da incorporadora Rossi, vê as unidades de cooperativas como uma alternativa aos planos convencionais.
Em 96, a incorporadora lançou o plano Vida Nova, cujos apartamentos custam entre R$ 29 mil e R$ 38 mil e são financiados em sete anos. Os apartamentos de cooperativas custam entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, segundo D'Avila.
O imóvel típico de cooperativa tem cerca de 55 metros quadrados e dois dormitórios. Em geral, localiza-se nos subúrbios, onde os terrenos são mais baratos.
Segundo João D'Avila, a profissionalização e o aperfeiçoamento do sistema devem estimular seu uso na construção de edifícios de padrão mais alto. "A tendência é que nichos do mercado que nunca pensaram em formar uma cooperativa passem a fazê-lo. Por exemplo, prédios com apartamentos de três ou quatro dormitórios", diz.
Ele prevê que o sucesso do sistema acarretará a construção imóveis por cooperativas em regiões mais centrais de São Paulo.
"A onda de cooperativas gerará inúmeras oportunidade de negócios para as assessorias e, principalmente, para as construtoras", afirma. Mas, lembra, é preciso estar atento para a adequação, qualitativa e quantitativa, dos projetos.
"Para investir em um empreendimento cooperativo é preciso conhecer a demanda e o perfil dos interessados para adequar o produto", diz.

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