São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997
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Lucro da agroindústria deve crescer 27%

FÁTIMA FERNANDES
LUIZ ANTONIO CINTRA

FÁTIMA FERNANDES; LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Indústrias de alimentos que têm ações negociadas em Bolsa devem aparecer com destaque no mercado de ações neste ano e no próximo, segundo analistas de investimentos ouvidos pela Folha.
Nos cálculos de Flávio Conde, analista do Lloyds Asset Management, o lucro líquido dessas grandes empresas deve crescer cerca de 26,9% neste ano na comparação com o do ano passado, que somou US$ 174,10 milhões.
Santista à parte, as demais são consideradas atraentes por conta de resultados obtidos com o aumento do volume de vendas, a queda do preço dos insumos e a fabricação de produtos com maior valor agregado (mais elaborados).
"As empresas continuam com seus processos de reestruturação operacional, que resultam no corte de despesas administrativas e em aumento da eficiência", avalia Conde.
O analista sênior do Citibank Werner Roger considera que dois pontos devem ter especial importância na melhora dos resultados do setor: preço menor do milho e bons preços para as carnes.
No caso do preço do milho, diz o analista, o benefício é maior para empresas com forte presença na produção de carne suína, como Sadia, Ceval e Perdigão.
Resultados
A Santista, na avaliação de Flávio Conde, está prejudicada por causa da queda do preço dos derivados de trigo e do aumento do cereal ainda não elaborado.
Resultado: neste ano, o preço da ação da empresa subiu 2%, enquanto que o da Frigobras aumentou 83%; da Lorenz, 38,2%; da Sadia Concórdia, 30,5%; da Ceval, 27,6%, e da Perdigão, 10,6%.
O preço da saca de milho -que era comercializada a R$ 8 no primeiro trimestre do ano passado- passou para R$ 6,50 no primeiro trimestre deste ano.
No caso da Perdigão, por exemplo, o consumo estimado de milho é de aproximadamente 1 milhão de toneladas por ano.
O resultado foi um salto no lucro líquido das empresas no período. Na Perdigão, o aumento foi de US$ 2,2 milhões para US$ 8,3 milhões. Para a Sadia, o aumento foi US$ 4,4 milhões para US$ 12 milhões.
O resultado da Sadia também decorreu do aumento da venda de margarinas e pratos semiprontos, em detrimento de produtos como linguiças, salsichas e mortadelas.
É o caso também da Frigobras, que tem um mix de produtos mais nobres. O lucro líquido da empresa no primeiro trimestre deste ano foi de US$ 13 milhões -364% maior do que o de igual período de 1996, de US$ 2,8 milhões.
No caso da Lorenz, fabricante de fécula e derivados, a alta das ações, segundo os analistas, se deve mais ao esforço da empresa em fazer produtos mais elaborados.
Para a Ceval, a subida do preço das ações é atribuída ao aumento das cotações de preço do complexo soja no mercado internacional. "O resultado poderia ter sido ainda melhor, caso a empresa não tivesse uma dívida tão alta."

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