São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997
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Desmanche espreita dinastia do Chicago

DAVID DUPREE
DO "USA TODAY"

Aproveite o momento. As finais da temporada 96-97 da NBA podem ser a última dança do núcleo que deu ao Chicago Bulls o tetracampeonato. Vencendo ou perdendo na decisão, não importa.
A diretoria da franquia aguarda a definição do título para tornar público um plano de renovação.
A estratégia busca impedir que a equipe desabe tão logo se aposente a dinastia que conquistou as taças de 90-91, 91-92, 92-93 e 95-96.
As perguntas que atormentam os torcedores do Chicago são:
1) O técnico Phil Jackson vai renovar contrato com o time?
2) Se o treinador sair, o superastro Michael Jordan vai cumprir a palavra e abandonar o esporte?
3) O ala Scottie Pippen será negociado já, uma vez que em julho de 98 seu contrato expira e ele estará livre para decidir seu futuro?
4) As maluquices do ala-pivô Dennis Rodman passaram do ponto tolerável? Por causa disso, ele será dispensado?
Os envolvidos aparentam resignação tranquila, alegando que o duelo pela taça de 96-97 com o Utah Jazz, iniciado ontem à noite, é o tema mais importante da vez.
"Sei que haverá mudanças, mas preferiria que a base da equipe fosse preservada. De qualquer forma, o futuro está fora das nossas mãos. Por isso, devemos aproveitar cada minuto, saboreá-lo", diz Jordan.
Mas a boataria apenas cresceu nos últimos dias.
Para treinar o time nesta temporada, Jackson fechou um contrato de US$ 2,75 milhões na última hora. Desgastado com os dirigentes, mas popular com os atletas, já recebeu propostas do Orlando Magic e do Vancouver Grizzlies. As cifras oferecidas chegaram a US$ 6 milhões/ano. Os Bulls ainda não fizeram nenhuma contraproposta.
Jordan está numa situação parecida. Assinou por US$ 30,1 milhões para disputar este campeonato. Já avisou que não topará corte no salário para o próximo ano e que deixará a equipe caso Jackson não continue. "Sou muito velho para trocar de técnico", repete o astro de 34 anos. Ele ainda aguarda um contato dos diretores do time.
Pippen, três anos mais jovem, vai cumprir em 97-98 o último ano de um contrato que lhe paga US$ 2,25 milhões -pouco para os padrões da liga. Os Bulls podem perdê-lo sem nada em troca em 98 -por isso, cogitam o troca-troca. "Eu estou cruzando os dedos para que permaneçamos juntos", diz.
Apesar dos frequentes atos de indisciplina, Rodman, 36, mostrou nestes playoffs que é vital para o esquema tático do Chicago. Mas ele também está respeitando os últimos dias de um contrato de US$ 9 milhões -e exige um aumento de US$ 1 milhão para ficar.
Para o resto da NBA, o Chicago estaria biruta caso optasse pela renovação neste momento.
"As dinastias ficam melhores à medida que os anos passam", diagnostica Pat Riley, do Miami Heat, considerado o melhor técnico entre os 29 da liga.
Mas a coincidência das datas dos contratos apenas evidenciou um grave problema de relacionamento no supertime dos anos 90.
Jordan, Pippen, Rodman e Jackson não se dão bem com os dois Jerrys dos escritórios da franquia -Reinsdorf, dono, e Krause, o principal executivo.
"Preciso sempre pensar meus negócios a médio e longo prazos. O basquete também. Não posso ficar parado, observando meu investimento deteriorar", escancara a situação Reinsdorf.
"Nós entendemos o ponto de vista dele. Mas construímos essa dinastia, só queremos um pouco de lealdade", contra-ataca Pippen.

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