São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997 |
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Fotos de Puenter mostram duas Havanas
ANA MARIA GUARIGLIA
O relato fotográfico é contado por meio da vida de duas personagens distintas, o pugilista Baby Cuña e a modelo fotográfica Mirna Miliciana. Para montar a primeira parte de seu projeto, Puenter vasculhou velhos álbuns pessoais, recortes de jornais e desvendou o passado dos personagens e de Cuba. Na segunda parte, ele retomou as características de Cuña e Mirna para retratar a vida do país nos anos 90. O resultado desse trabalho está exposto na galeria da Aliança Francesa, no bairro do Brooklin, em mostra que integra o 3º Mês Internacional da Fotografia, evento promovido pelo NaFoto (Núcleo dos Amigos da Fotografia). Entre as fotos de Cuña e Mirna, Puenter revive o modismo das roupas de estilo militar, lançado pela modelo, os gângsteres que dirigiam as casas de jogos e a "Cuba Libre", clássica bebida dos anos 50 consumida pelos jovens. O fotógrafo reconstrói os anos 90 a partir da busca da identidade dos dois personagens, explorando a memória e questionando o tempo existente entre a vida e a morte. Puenter, 32, alterna sua residência entre Nova York e Engidiana Valley, na Suíça, local em que nasceu e onde procura inspiração para idealizar seus projetos. Estudou arte e fotografia em Barcelona e em Londres, no Chelsea School of Art e no London College of Printing. Puenter é um dos expoentes da fotografia contemporânea, e parte de sua obra integra o acervo do Museu l'Élysée, em Lausanne, na Suíça. O centro mais conhecido da Europa abriga um grande acervo de fotógrafos da atualidade, entre eles o do fotógrafo e artista brasileiro Geraldo de Barros. Em entrevista à Folha, Puenter falou sobre seu projeto em Cuba e suas experiências na fotografia. * Folha - Como nasceu a idéia de retratar a história cubana por meio da vida de dois personagens? Florio Puenter - Fiquei fascinado pelo lutador de boxe, pela modelo e também pela época que eles representam. Como eu queria mostrar a Havana de ontem e de hoje, eu os escolhi como elos do meu projeto. Folha - Como você define esse tipo de trabalho? Puenter - Meu trabalho é elaborado em coisas que eu descubro e que me chamam a atenção, por isso não os rotulo. O que posso dizer é que nunca tive a preocupação de correr no meio das ruas atrás de cenas bonitas para fotografar. Recentemente, selecionei retratos de personalidades feitos por fotógrafos conhecidos e os reproduzi, substituindo essas personalidades por imagens de artistas contemporâneos. O escritor Jean Genet, que foi fotografado por Brassai, foi substituído pelo escultor Stanislau Wietkiwicz, usando os mesmos elementos cênicos da foto original. Folha - Qual é o significado desse tipo de foto? Puenter - É a relação entre o trabalho dos fotógrafos conhecidos e a minha leitura pessoal. Folha - Como você explica a influência das artes plásticas em suas obras? Puenter - Admito a influência porque sempre me interessei pela pintura e pela escultura, mas escolhi a fotografia como meio de produzir meu trabalho e expressar o que vejo e o que sinto. Folha - Quais são os trabalhos que você vai apresentar na mostra de Milão, em outubro próximo? Puenter - Uma série de cerâmicas, ainda em fase de elaboração. São retratos emoldurado em argila cozida, iguais aos que se vê nos túmulos e ao longo de cemitérios. Exposição: Florio Puenter Onde: Galeria da Aliança Francesa (av. Santo Amaro, 3.921, tel. 011/240-3478, Brooklin) Quando: segunda a quinta, das 9h às 20h; sexta, das 9h às 18h; sábado, das 9h às 12h. Até 23 de junho Quanto: entrada franca Texto Anterior: CD continua preso a passado comprometedor Próximo Texto: Genildo matou 15 para ser considerado normal Índice |
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