São Paulo, segunda-feira, 2 de junho de 1997 |
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Banzer vence na Bolívia, diz pesquisa
MAURO TAGLIAFERRI
Como não obteve metade mais um dos votos, Banzer enfrentará o segundo colocado em turno indireto, no Congresso -votam para presidente os parlamentares eleitos ontem. A pesquisa, feita em todo o país, indica empate técnico no segundo posto entre Jaime Paz Zamora, do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), com 17,5%, e Ivo Kuljis, da União Cívica Solidariedade (UCS), com 16,7%. O candidato do governo, Juan Carlos Durán, do Movimento Nacional Revolucionário (MNR) vem em quarto na pesquisa, também com chances de passar ao segundo turno, com 15,9% dos votos. O resultado da votação no Congresso, que acontece em 4 de agosto, vai depender da votação para o Parlamento e das alianças entre os partidos, que só se tornarão viáveis quando a apuração definir os dois primeiros colocados. A Justiça Eleitoral quer anunciar a soma oficial no próximo dia 21. Alianças Após a divulgação das pesquisas, Banzer afirmou não possuir "controvérsias programáticas" com outros partidos e que buscará concretizar alianças "o mais rápido possível, para não parar o país". Na eleição de 1989, a ADN, de Banzer, participou do pacto que levou Paz Zamora à Presidência. Em 1993, o pacto se repetiu, mas o grupo foi derrotado pelo MNR, do atual presidente, Gonzalo Sánchez de Lozada. Neste ano, a combinação MIR-ADN é apontada como a mais provável. Sánchez de Lozada disse que só descarta se aliar ao partido de Paz Zamora, "porque tem ligações com o narcotráfico". Banzer foi Ministro da Educação e Cultura em 1964 e ex-ditador do país (1971-78). Em 1985, Banzer venceu a disputa presidencial nas urnas, mas perdeu no Congresso. A votação é oral e envolve os 130 deputados e 27 senadores. Se houver empate, a votação é repetida. Se persistir o empate, será declarado vencedor o candidato que obteve a maioria simples ontem. Durante a campanha, Banzer prometeu erradicar a miséria na Bolívia e rever as reformas econômicas implantadas nos últimos quatro anos, para que a abertura do mercado e a estabilidade da moeda não signifiquem mais desemprego. Confusão Pela manhã, Sánchez de Lozada disse que o novo sistema, com voto distrital misto -parte dos deputados é eleita por distritos e outra, pelo sistema proporcional (como o do Brasil)-, pode ter confundido a população. "Tenho a sensação de que o povo da Bolívia não está adequadamente informado sobre as diferenças. Mas a democracia se aprende assim, na prática. Não há por que ter medo", afirmou. O pleito foi considerado o mais democrático da Bolívia. Desde as últimas eleições gerais, em 93, o eleitorado dobrou: de 1,6 milhão de votantes, para 3,259 milhões de inscritos em 97. No geral, a eleição transcorreu sem problemas. As manifestações prometidas pela Central Operária Boliviana não aconteceram. Texto Anterior: Vencedor quer fazer visita a FHC logo Índice |
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