São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Luís Eduardo quer Motta fora de comando

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) condicionou sua resposta ao convite para assumir a liderança do governo na Câmara à exclusão do ministro Sérgio Motta (Comunicações) do comando político do governo.
O presidente Fernando Henrique Cardoso já determinou a Motta que se limite a cuidar dos assuntos do Ministério das Comunicações. A instrução de FHC foi dada antes da viagem do ministro à Europa. Até a denúncia de compra de votos a favor da reeleição, Motta comandava a administração dos votos aliados no Congresso.
Apesar da determinação do presidente, Luís Eduardo quer deixar claro numa conversa a três (entre ele, FHC e o ministro) que ele assumirá sem restrições o comando político. O retorno de Motta está previsto para amanhã.
A um grupo de amigos, o deputado ameaçou recusar o convite de FHC para ocupar a liderança do governo caso não ficassem claros os papéis de cada um. A ameaça ocorreu nos seguintes termos: "Eu não pedi para ser líder. Se for para ter problemas, eu não vou".
Luís Eduardo deu nome ao problema que enfrentava para se decidir -Sérgio Motta. Mais precisamente, ele quer evitar ser atropelado pelo ministro no comando das votações e, principalmente, nas negociações para a montagem da candidatura de FHC à reeleição -tarefa que o novo articulador também assumirá.
Sem ter garantias claras do papel que Motta terá daqui para frente, Luís Eduardo se recusou a assumir ontem mesmo a liderança, apesar dos apelos que recebeu do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). A liderança está vaga desde a manhã de ontem.
"Precauções"
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), presidente do Congresso, interpretou assim o comportamento do filho: "A tendência é aceitar, mas ele está tomando as precauções necessárias", disse, insistindo que é preciso deixar clara a "hierarquia" do comando político do governo.
O governador Tasso Jereissati (Ceará), um dos criadores da aliança PSDB-PFL que elegeu FHC em 1994, concorda em parte com ACM, com quem almoçou ontem.
Ele disse que é preciso "dar força" a Luís Eduardo e definir uma hierarquia clara no comando da base política, mas sem excluir Sérgio Motta. "O Serjão sair? De jeito nenhum. Ele tem um papel importante", disse.
Embora FHC não tenha afastado o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos), ele não terá ascendência sobre o novo líder. No entendimento de amigos de Luís Eduardo, será um "morto-vivo".
Ontem, Santos disse que não tinha intenção de deixar o ministério. "Vontade vão ter de ocupar até o cargo dele (FHC), mas o presidente quer que eu fique."

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