São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Juízes são acusados de corrupção

ADELSON BARBOSA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM JOÃO PESSOA

Três juízes e o vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba são acusados pela Procuradoria Geral da República de estelionato, falsidade ideológica, peculato e corrupção passiva.
A subprocuradora-geral da República, Delza Curvelo, encaminhou 11 ações penais ao STJ contra o vice-presidente do TRT, Aluísio Rodrigues, e contra os juízes Severino Marcondes Meira, Paulo Pires e Tarcísio de Miranda Monte.
O presidente do TRT da Paraíba, Vicente Vanderlei, divulgou na semana passada um relatório, feito por ele nos últimos dois anos, sobre as irregularidades.
Segundo notas fiscais incluídas no relatório, os juízes usaram dinheiro público para comprar absorvente feminino, fronhas, toalhas, vitamina e analgésicos.
Até um caixão de defunto foi comprado com dinheiro do TRT para enterrar o pai de um juiz.
Segundo o relatório de Vanderlei, os juízes embolsaram em 1995 cerca de R$ 1 milhão em diárias. Foram liberadas 8.076 diárias.
Conforme o documento, cada juiz consumia entre 700 e 1.000 litros de combustível por mês. Juntos, os juízes teriam gasto R$ 87,2 mil em passagens aéreas.
O TRT teria pago ainda viagens internacionais a juízes e parentes.
Outro lado
O vice-presidente do TRT, Aluísio Rodrigues, 64, disse desconhecer as ações e que as denúncias feitas por Vanderlei são antigas. "Não há nada de novo", disse.
Ele negou ter cometido irregularidades e atribuiu as acusações do presidente a uma campanha difamatória. "Quero que se apure tudo, e que os acusados se defendam. Quem tiver culpa, que pague."
Rodrigues admitiu a compra de absorvente. "Havia no gabinete verba para compra de material de emergência. A funcionária encarregada comprou absorvente feminino duas vezes. Gastou apenas R$ 4,08 e o dinheiro foi reposto."
Ele confirmou viagem à Espanha em 88 para um congresso de direito. "Fui com minha filha, que era minha assessora, porque eu estava com dificuldades de locomoção."
Disse ainda ter ido a congressos na Bolívia e em Porto Rico.
O juiz Severino Marcondes Meira, acusado ainda de empregar 65 parentes no TRT, não quis falar. O gabinete de Paulo Pires informou que ele está viajando. Já Tarcísio Monte estaria de licença médica.

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