São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Mercado teme novo calote de Alagoas

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Bancos e investidores receberam após as 17h de ontem, com o fechamento do mercado financeiro, a indesejada confirmação: o Estado de Alagoas e o município paulista de Osasco deram realmente um calote de R$ 139 milhões. Como há mais R$ 398,4 milhões em títulos financeiros de ambos os governos, o pesadelo dos investidores com esses papéis ainda não terminou.
Alagoas tem mais cerca de R$ 329 milhões em títulos registrados na Cetip, central de custódia (guarda) de papéis financeiros.
Ontem, R$ 109,7 milhões em papéis alagoanos venceram e não foram resgatados pelo Estado, que atravessa uma severa crise financeira e não conseguiu ajuda federal para rolar a dívida no mercado.
O restante dos títulos tem vencimentos futuros, mas a Cetip não informou as datas dos papéis.
Osasco possui, por sua vez, cerca de R$ 69,4 milhões no mesmo sistema de custódia. O calote do município sobre os investidores (bancos, empresas e pessoas físicas) foi de R$ 29,2 milhões.
Os títulos estavam guardados em nome de 19 instituições financeiras. Nem todas elas carregavam o papel em suas próprias carteiras. O Banco ABC Roma, por exemplo, tinha sob seu nome na Cetip R$ 28 milhões em papéis de Alagoas, adquiridos por clientes da instituição sem a intermediação do banco.
Também estão na mesma situação a Sociedade Corretora Paulista (Socopa), com R$ 11,1 milhões, e o Banco Fator, com R$ R$ 362 mil. Nos três casos, o prejuízo será dos clientes que investiram diretamente nos títulos.
O Banco Pontual, que aparece numa relação de tomadores de papéis alagoanos divulgada pela CPI dos Precatórios, "não tem nem nunca teve títulos de Alagoas custodiados em seu nome na Cetip", afirmou a gerente de eventos do banco, Cláudia Baía.
A partir de hoje, os investidores dos fundos mútuos que tinham esses títulos em carteira poderão saber o tamanho do prejuízo em suas aplicações.
Precatórios
Os títulos de Alagoas fazem parte da primeira das quatro séries emitidas para pagamento de dívidas judiciais (precatórios), sob investigação na CPI do Senado.
A relação de sentenças judiciais apresentada por Alagoas para levantar recursos com a emissão de títulos foi forjada, segundo constatou a CPI.
Para o Banco Central, o Estado desviou os títulos para pagamentos a empreiteiras e bancos. O governo federal negou ajuda ao governador Divaldo Suruagy (PMDB).

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