São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Oposição vai ao STF e para "a rua" contra a reeleição

DANIEL BRAMATTI
LUIZA DAMÉ

DANIEL BRAMATTI; LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Partidos de esquerda pedem liminar para barrar votação da emenda

Acuada pela "operação-abafa" do governo, a oposição lançou mão de seus últimos recursos para tentar impedir a votação da emenda da reeleição hoje no Senado e criar uma CPI (comissão parlamentar de inquérito) sobre a venda de votos na Câmara.
Senadores do PT, PDT e PSB encaminharam ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) um mandado de segurança com pedido de liminar para barrar a votação da emenda, alegando que o processo está "viciado" por causa do escândalo da venda de votos.
Na Câmara, diante da virtual impossibilidade de conseguir assinaturas de deputados para instalar imediatamente a CPI, os líderes oposicionistas decidiram apelar à mobilização popular.
Segundo o deputado Neiva Moreira (PDT-MA), líder do bloco da oposição, haverá uma campanha nacional para coletar 1 milhão de assinaturas em favor da CPI. "A sociedade vai pressionar o Congresso", disse o deputado Aldo Arantes (GO), líder do PC do B.
Entre os deputados, o esforço dos oposicionistas tem sido inútil. Até ontem, eles continuavam com apenas 168 assinaturas no requerimento para votação em regime de urgência do projeto de criação da CPI -obtidas antes do recesso branco.
São necessárias 257 assinaturas para que o requerimento seja votado em plenário.
"Não houve avanços. A coleta está extremamente difícil", disse o deputado João Fassarella (PT-MG), um dos encarregados da coleta.
Para aumentar a pressão sobre os indecisos, os líderes também estão avaliando a possibilidade de instalar painéis de rua nas grandes cidades, com os nomes dos parlamentares que assinaram e não assinaram o pedido de urgência.
A nova estratégia é decorrência da constatação de que a CPI perdeu força por causa do "recesso branco" da semana passada, das denúncias que envolveram o PT em supostas irregularidades e da troca do comando político do governo na Câmara.
"As denúncias contra o PT não acabaram com a CPI, mas enfraqueceram a luta", disse o deputado José Genoino (PT-SP), que tem dúvidas sobre a eficácia da campanha de coleta de assinaturas.
Para ele, a CPI voltará a ganhar força quando a CCJ (Comissão de Constituição de Justiça), que está processando os envolvidos na compra de votos, chegar a um "impasse". "Eles não vão ter provas para condenar os deputados nem condições políticas de absolvê-los."

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