São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Iniciativa surpreende alunos e docentes

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A iniciativa da pró-reitoria de graduação da USP de avaliar os cursos pegou de surpresa alunos e professores da universidade.
O presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), Marco Brinati era um dos professores que desconhecia a iniciativa.
O coordenador geral do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Márcio Funcia, 30, afirma que só ficou sabendo da avaliação há cerca de uma semana, por meio de um comunicado da reitoria.
Segundo Funcia, por esse motivo, o DCE e os centros acadêmicos das faculdades ainda não firmaram uma posição sobre o tema.
Apesar disso, vários integrantes das entidades estudantis têm críticas a essa forma de avaliação.
"É o mesmo tipo de procedimento de avaliação de sempre: superficial e subjetiva", diz Funcia.
Na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), alguns alunos dos cursos de ciências sociais e letras afirmaram já ter respondido a avaliação.
Os alunos de filosofia, porém, até a tarde de ontem ainda não tinham recebido os questionários.
Segundo apurou a Folha, muitos professores do curso são contrários à avaliação e só devem começar a aplicar os questionários na semana que vem, após uma reunião sobre o tema na sexta-feira.
"A avaliação não foi distribuída ainda pelos professores. Está barrada pelo departamento", disse José Fernando Peixoto de Azevedo, 22, diretor do centro acadêmico.
Entre os alunos do curso de letras, há muitas críticas ao método que está sendo utilizado para avaliar os professores e o curso.
A principal crítica é que a avaliação não toca na questão da falta de professores, o principal problema vivido pelos alunos da faculdade.
"Estamos com falta de professores. Não havia nenhuma questão sobre isso", diz Regiane Fermiro Gomes, 21, aluna de letras.
O professor de literatura brasileira do curso de letras, Álvaro Cardoso Gomes afirma ser favorável à avaliação, mas concorda com as críticas dos alunos.
"Como o professor pode dar uma aula ideal se não pode corrigir trabalhos direito, se não pode dar atenção aos alunos? Como será julgado um professor que tem turmas de 90 alunos?, questionou.

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