São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Manutenção não foi adequada, diz Crea

Engenheiros não descartam desabamento

DA REPORTAGEM LOCAL

A manutenção da ponte dos Remédios não foi adequada, segundo o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo).
"Essas coisas não ocorrem de uma hora para outra. A ruptura evidencia uma falta de manutenção contínua", afirma o vice-presidente do conselho, engenheiro José Eduardo de Paula Alonso.
O engenheiro, que também é coordenador do setor de fiscalização do Crea, afirma que os transtornos poderiam ter sido evitados.
"A ponte poderia ter desabado, provocando mortes. Não se pode negligenciar com manutenção."
Técnicos do Crea vistoriaram a ponte e vão elaborar um laudo sobre os problemas. Segundo Alonso, o Crea vai abrir processo para apurar as responsabilidades.
Os responsáveis, segundo o vice-presidente, poderão ser punidos com advertência, suspensão das atividades ou cassação do registro profissional.
A ponte é do DER (Departamento de Estradas e Rodagens), órgão do governo estadual.
O engenheiro Eduardo Pessoa, especialista em concreto, diz que não dá para dizer que a manutenção não foi feita adequadamente. "Não é uma questão de fácil verificação. Algumas características geométricas da construção podem dificultar a inspeção", diz.
Marcelo Rozenberg, diretor da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Ambiental, informou ontem que a ponte apresenta sintomas preocupantes há pelo menos dois anos.
Segundo ele, a Secretaria Municipal das Vias Públicas tinha sido comunicada. "Não diria que houve omissão. Tanto que a ponte estava em um programa de revitalização. Mas não deu tempo."
O secretário Reynaldo de Barros não foi localizado na noite de ontem pela reportagem.
O engenheiro Fernando Stucchi diz que estruturas como as da ponte precisam passar constantemente por trabalhos de manutenção.
Professor do departamento de Pontes e Grandes Estruturas da Escola Politécnica da USP, Stucchi diz não acreditar que a ponte pudesse desabar. "É pouco provável. Mas considero que a interdição imediata foi uma medida acertada, já que não temos uma visão clara da situação estrutural da ponte."

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