São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Leão não aceita o rótulo de 'linha-dura'

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Campeão brasileiro em 1987 com o Sport, do Recife, logo na sua estréia como treinador, o ex-goleiro Emerson Leão, 47, assumiu o Atlético-MG há três dias recusando o rótulo de ser um adepto do estilo "linha-dura".
Seu último time como técnico foi o Verdy Kawasaki, do Japão.
Leão afirma que apenas não tem nenhum acanhamento com os jogadores. "Se eu tiver que colocar alguém na linha, não tenho acanhamento de falar", disse.
Leão, entretanto, assumiu o Atlético -um clube em crise- determinando que os jogadores estejam em campo para os treinos às 8h e sorrindo.
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Agência Folha - Na sua volta do Japão, você disse que queria descansar por um longo período. O que o fez mudar de idéia?
Emerson Leão - Eu dei um descanso de cinco meses. Tive outros convites, agradeci. Mas o Atlético me convidou, é uma praça nova, acho interessante, e eu aceitei.
Agência Folha - Você assume um time em crise, que foi eliminado do Campeonato Mineiro prematuramente. Há muita coisa para fazer antes da estréia no Brasileiro?
Leão - É um pouco primário para analisar, mas nesses dois dias já deu para observar alguma coisa. Acho que (o Atlético) está precisando de peças de reposição e de bastante treinamento tático.
Agência Folha - Você é considerado um treinador linha-dura, disciplinador, que corrige os jogadores o tempo todo. Como será o seu ritmo no Atlético?
Leão - Um treinador precisa parar o treino para ensinar, demonstrar e cobrar. Isso faz parte da obrigação do treinador. Então, eu sou assim.
Agência Folha - Mas você se considera um técnico linha-dura?
Leão - Não. Acho apenas que se alguém está fora da linha e eu precisar colocar esse alguém na linha, não tenho acanhamento nenhum de falar.
Agência Folha - Na sua apresentação, você usou a seguinte frase: "Comigo é assim; ou trabalha sorrindo ou não trabalha"...
Leão - Justamente. Se eu tenho que colocar a disciplina é porque os outros é que são indisciplinados. Então é muito simples: se o jogador tem que vir para o clube, que venha sorrindo, venha alegre porque tem um trabalho, trabalha num grande clube, que tem uma grande torcida. Tem que reconhecer e transpirar essa camisa.
Agência Folha - Qual o desenho tático que você pretende dar ao Atlético?
Leão - Estou conversando com os jogadores, mas gosto de um pivô na frente, um homem mais alto; um velocista na frente; dois meias, um de criatividade e outro como elo de ligação, dois homens pegadores no meio-campo.
Agência Folha - E o trabalho com os jogadores de base, que o Atlético tem muitos. Você pretende aproveitá-los?
Leão - Se eles tiverem competência, se estabelecem. Não é idade que vai impedir de eles serem escalados, tanto o mais jovem quanto o mais velho.
Agência Folha - Você pretende pedir alguma contratação à diretoria do clube?
Leão - No mínimo, vou solicitar a reposição nas posições em que perdemos jogadores.

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