São Paulo, quarta-feira, 4 de junho de 1997
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Parabéns para a cabeça feita de Kuerten

THOMAS KOCH
ESPECIAL PARA A FOLHA, DOS EUA

Estou emocionado.
Nesse jogo contra o russo Kafelnifov, o Guga mostrou categoria e cabeça fantásticas. É importante ressaltar que o mérito foi todo dele, não falha do adversário. Ele está de parabéns.
Eu já joguei em Roland Garros e sei que é muito difícil.
A primeira etapa é entrar no campeonato. Depois, passar da primeira rodada. O próximo passo é tentar ficar na primeira semana. Daí, quando se percebe, já se vive a segunda semana.
Nos torneios de Grand Slam, mais que o cansaço físico há o cansaço mental, e nisso o Guga se superou. O maior mérito dele foi aguentar a cabeça nos jogos contra Thomas Muster (terceira rodada) e Andrei Medvedev (quartas-de-final). No tênis, não vence quem joga melhor, mas quem tem mais cabeça.
Em 68, quando cheguei às quartas-de-final, foi a primeira vez que juntaram amadores e profissionais em Roland Garros. O nível era altíssimo.
E, quando se chega às quartas-de-final de um torneio de Grand Slam, você fica em estado de êxtase, fora de si. É um outro nível, outra zona de vibração.
Perdi para o Ken Rosewall (australiano) por 3 a 1. Na final, ele derrotou o Rod Laver (também australiano), que no ano seguinte ganhou o Grand Slam.
A quadra central de Roland Garros, onde o Guga venceu Kafelnikov, me traz boas recordações. Foi lá que, em 66, em confronto da Copa Davis, nós derrotamos os franceses por 4 a 1.
Agora, o adversário é o Dewulf (Filip, belga), que veio do qualifying e está jogando muito.
O Guga não deve pensar em ganhar a semifinal, mas jogar ponto por ponto, viver o momento. E um conselho para ele: manter a cabeça feita. Pois, depois de eliminar Muster e Kafelnikov, ele pode encarar qualquer tenista.

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