São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Economista duvida de solução interna

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Paulo de Tarso Venceslau disse ontem que está "cético" sobre o destino que o PT dará ao que for apurado pela comissão interna de sindicância sobre o escândalo Cpem.
"Tenho antecedentes concretos sobre o que a burocracia petista pode fazer com um parecer de comissão", afirmou Venceslau, para quem a quebra do sigilo bancário dos envolvidos em sua denúncia ajudaria a esclarecer o caso. A comissão petista não tem o poder de requisitar extratos.
Venceslau acusou o advogado Roberto Teixeira, compadre de Luiz Inácio Lula da Silva, de pressionar prefeituras petistas para assinarem contratos, sem licitação, com a Cpem. Lula, ainda de acordo com o economista, teria participado de reunião para defender a conveniência dos contratos.
O "antecedente concreto" citado por Venceslau é o resultado de uma comissão de ética pedida por ele no diretório paulistano do PT em 91. Na ocasião, Venceslau era diretor da companhia municipal de ônibus da cidade e envolveu-se em polêmica, pela imprensa, com Edvaldo Santiago Silva, do sindicato dos motoristas.
Venceslau solicitou, na época, que o diretório petista apurasse se sua conduta no enfrentamento com o sindicalista estaria transgredindo normas partidárias.
O parecer da comissão de ética recomendou que Venceslau se retratasse sobre declarações que deu contra o sindicalista. Já para Silva foi sugerido tratamento mais duro: suspensão de direitos partidários por prazo a ser fixado pela direção do partido.
"Não foi feito nada do que a comissão de ética recomendou e a mesma situação pode ocorrer de novo", declarou sobre a investigação interna do caso Cpem.
Segundo o economista, foram inúteis seus esforços para que a direção paulistana do PT seguisse a orientação da comissão de ética.
Outro lado
O deputado estadual Rui Falcão era o presidente do Diretório Municipal do PT em São Paulo quando da polêmica entre Venceslau e o sindicalista.
"Instalei a comissão de ética pedida pelo Paulo e cumpri o que determinava nosso regimento", disse Falcão.
Apontado como membro da "burocracia" petista que teria engavetado o resultado do trabalho da comissão, Falcão negou que tenha agido assim. Segundo ele, a Executiva do PT decidiu trocar a pena sugerida a Silva por uma advertência, o que não foi contestado pelo economista.
Venceslau reclamou que, como parte envolvida, deveria ser informado sobre a decisão da Executiva. Ele depõe sábado na comissão que apura o escândalo Cpem.

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