São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Ponte vira 'point' e recebe visitantes

Curiosos foram conhecer de perto a rachadura

DA REPORTAGEM LOCAL

A ponte dos Remédios se transformou num verdadeiro "point" durante todo o dia de ontem. Muitas pessoas foram até o local conhecer de perto a fissura de 15 cm que surgiu no asfalto da pista.
Mas além dos curiosos, cruzar a ponte a pé foi a única solução para muitos moradores de Osasco que precisavam sair para trabalhar ou estudar em Osasco.
A transportadora escolar Maria Helena Baquero, 47, afirmou que iria cruzar a ponte seis vezes para levar, a pé, estudantes de Osasco que estudam em cinco escolas de São Paulo.
Às 10h45, ela levava os meninos Jonas Frederico Silva Johansen, 6, e Paulo Rodrigo Alves, 7, para a Escola Municipal de 1º Grau Aníbal Freire, no Jardim Humaitá, em São Paulo, do outro lado da ponte. Antes, parou a sua perua do lado de Osasco da ponte.
"Nesse horário, era para eu estar levando 15 crianças, mas os pais das outras não deixaram elas cruzarem a ponte à pé, com medo de um desabamento."
Para levar crianças para a turma das 7h, Maria Helena tentou usar um desvio, passando pelo Parque Continental.
"Cheguei às 8h na escola e tive que trazer as crianças de volta."
Doces
O movimento na ponte e a interrupção do tráfego animaram o vendedor de doces Luiz Braz da Silva, 45, de Osasco.
Ele costuma vender seus quebra-queixos (doces caramelizados) circulando pelas ruas do bairro de Remédios, em Osasco, mas ontem optou por vender sua produção parando seu carrinho na entrada da ponte.
"Nunca parei na ponte, mas como o trânsito parou, vim para tentar faturar um pouco."
Remoção
Um grupo de sem-teto que vivia há mais de três anos sob a ponte dos Remédios foi removido ontem pela administração regional da Lapa.
O grupo foi retirado do local porque a prefeitura precisava da área para a colocação das escoras de sustentação da ponte.
Enquanto isso, na marginal Tietê, motoristas parados no congestionamento cancelavam compromissos.
Era o caso do vendedor Gilberto Felizardo de Souza, 32. Morador de São Mateus, zona leste de São Paulo, ele saiu de sua casa às 7h para uma reunião em Sorocaba, prevista para as 11h.
"O compromisso teve de ser cancelado porque estou aqui (na altura da ponte do Piqueri, zona norte) parado."
Para adiantar as negociações, Souza parou o carro no acostamento da pista e utilizava um celular para adiantar as negociações.

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