São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Governo muda ação para evitar revoltas

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O Secretaria da Administração Penitenciária usou a tropa de choque para acabar com o motim na Casa de Detenção com o objetivo de atacar a onda de rebeliões em que os presos faziam reféns.
Desde que João Benedito de Azevedo Marques assumira a Secretaria da Administração Penitenciária, na segunda metade de 1995, a tropa de choque não era chamada para acabar com uma rebelião.
Pouco antes, uma rebelião em uma penitenciária em Hortolândia (SP) terminara com a intervenção da PM, deixando um saldo de seis mortos -três reféns e três presos.
Ontem, Marques negou ter havido uma mudança de orientação. "A secretaria nunca deixou de agir com rigor. Usou apenas prudência e equilíbrio, pois lidávamos com a vida de presos e de agentes."
Desta vez, nenhuma reivindicação dos presos foi atendida. Eles queriam ir à Penitenciária de Bauru (SP) e soltar os reféns só no fim da viagem.
Em vez disso, ficarão seis meses em um presídio de segurança máxima e responderão a inquérito sob as acusações de sequestro, cárcere privado e tortura.
Nos últimos 45 dias, ocorreram três rebeliões na Detenção. Os presos mantiveram reféns nos pavilhões 6, 8 e 4. A secretaria negociou, e os presos foram transferidos de penitenciária, levando reféns durante a viagem.
Na manhã de quarta-feira da semana passada, quando estourou a terceira rebelião de 1997 na Detenção, o governo começou a traçar um plano para o eventual emprego da tropa de choque.
Naquela ocasião, essa tropa só não foi enviada à Detenção porque a revolta acabou antes de o plano de ação da PM ficar pronto.
Com a quarta rebelião, o uso da tropa de choque voltou a ser cogitado. Após a interrupção das negociações entre presos e secretaria anteontem à noite, os últimos detalhes do plano foram acertados.
O coordenador dos presídios, Lourival Gomes, foi apanhado em casa por um carro da PM e levado a um encontro à 0h de ontem com o chefe da tropa de choque, coronel Carlos Alberto de Camargo.
Eles acertaram quando seria a intervenção. "A operação foi um sucesso", disse o tenente-coronel Rui Cesar Melo, chefe do 2º Batalhão de Choque.
(MG)

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