São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Bahia gasta US$ 600 mi em saneamento

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Um projeto do governo baiano orçado em US$ 600 milhões pretende ampliar dos atuais 26% para 80% a porcentagem de residências de Salvador (BA) ligadas à rede de esgoto, despoluir as praias da capital baiana e contribuir para a redução dos casos de diarréia, dengue, cólera e leptospirose.
Dados da Secretaria Estadual da Saúde revelam que, no primeiro trimestre deste ano, foram registrados na Bahia 11,5 mil casos de diarréia, 4.206 de dengue, 120 de hepatite e 115 de leptospirose. Pelo menos 35% dos casos registrados aconteceram em Salvador.
"Todas essas doenças têm como principal causa a falta de saneamento básico", disse a gerente da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde, Marlene Carvalho.
Iniciado há dois anos, o Bahia Azul vai beneficiar cerca de cem bairros da capital baiana, segundo informações do secretário de Recursos Hídricos, Saneamento e Habitação, Roberto Moussallem.
Salvador tem cerca de 550 bairros e favelas cadastrados pela prefeitura e pelo governo estadual.
"Depois da conclusão das obras, Salvador vai ser uma das cidades brasileiras mais bem servidas em saneamento básico", disse Moussalem.
Pelo cronograma do governo baiano, as obras do Bahia Azul somente deverão ser concluídas dentro de três anos.
O engenheiro sanitarista Luiz Roberto Santos Morais também critica a concepção do projeto.
"O governo baiano alijou a sociedade civil do projeto e beneficiou apenas as grandes empreiteiras." As três maiores obras executadas no Bahia Azul até agora foram realizadas pela Odebrecht.
Além de Salvador, o Bahia Azul vai beneficiar as populações de outras 11 cidades, localizadas nas imediações da baía de Todos os Santos. Ao todo, o governo baiano prevê que pelo menos 2,5 milhões de pessoas terão suas residências ligadas à rede de esgoto.
O secretário Roberto Moussallem disse que a primeira etapa do projeto elevou de 26% para 36% a porcentagem de domicílios de Salvador com saneamento básico -as cidades localizadas nas imediações da baía de Todos os Santos não possuem sistemas de esgoto sanitário.
Somente no dique do Tororó (centro de Salvador), o projeto está retirando 2.000 metros cúbicos por dia de esgoto.
"Conseguimos também reduzir significativamente a poluição nas principais praias de Salvador", disse Moussallem.
Para despoluir as praias, os engenheiros e técnicos do Bahia Azul interceptaram os rios Camurujipe e Lucaia e conseguiram bloquear dois metros cúbicos de esgoto por segundo que eram despejados diretamente nas praias.
O esgoto será tratado e lançado ao mar através de um emissário submarino. Para desviar os rios, os engenheiros construíram quatro mil metros de tubulação subterrânea, com galerias de 1,90 metro por 2,60 metro.
As obras do Bahia Azul são financiadas pelo Bird (Banco Mundial), BIS (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e OECF (banco vinculado ao governo japonês), além de outros organismos brasileiros. Para cada cinco dólares financiados, o governo baiano entra com um.
Após as obras, cada residência ligada à rede de esgoto vai pagar à Embasa (Empresa Baiana de Água e Saneamento) 80% a mais do valor fixado na conta de água (taxa de esgoto).
As casas situadas nas áreas mais pobres vão pagar 45% a mais. Segundo o secretário Roberto Moussallem, o Bahia Azul gera 50 mil empregos diretos e indiretos.

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