São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Engenheiro critica tecnologia do projeto

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O professor de Engenharia Sanitária da UFBa (Universidade Federal da Bahia), Luiz Roberto Santos Morais, disse que o governo baiano está empregando tecnologia ultrapassada para conectar as residências de Salvador à rede de esgoto.
"O correto seria tratar e coletar o esgoto do subúrbio no próprio local para depois lançá-lo ao mar".
No projeto do Bahia Azul o esgoto coletado é tratado em estações específicas, antes de ser lançado ao mar por emissários submarinos.
Em alguns casos, o esgoto será transportado em tubulações por 23 km até o emissário submarino.
"Tratar o esgoto no próprio local é uma medida mais confiável economica e ambientalmente e do ponto de vista de segurança no sistema", disse Morais.
Segundo o professor, a construção de sistemas condominiais de esgoto também reduziria custos.
"Tivemos que discutir muito para que o governo baiano aceitasse em parte nossa opinião."
Pelo sistema condominial, cada bairro é dividido em quadras, com uma rede de esgoto única, que passa pelos fundos das casas, a uma profundidade máxima de 40 cm. No sistema convencional, cada casa é conectada a uma rede que passa pelo meio da rua, a uma profundidade de 1,2 m.
"A tecnologia das redes convencionais é extremamente cara. Se fosse largamente utilizado, o sistema condominial reduziria os custos até 60%, além de ser mais compatível com a realidade da cidade devido a sua característica de desordem na ocupação do solo."
Segundo Morais, o critério adotado para a prioridade de implantação das bacias coletoras de esgoto foi o retorno monetário do investimento.
"Desconsideraram-se o quadro sanitário e de saúde das diversas áreas da cidade, principalmente da periferia, que foi excluída durante do acesso a esse serviço básico."
O engenheiro cobrou também maior transparência no gerenciamento dos recursos. "US$ 600 milhões é muito dinheiro e o governo deveria prestar contas de tudo o que está fazendo."
Morais diz também que o governo deveria encaminhar às entidades da sociedade civil cópias dos contratos assinados. "Até agora o governo não prestou contas".

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