São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Delegado é processado por espancamento

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O delegado-chefe do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) da Polícia Federal no Rio, Roberto Prel Júnior, é acusado em processo judicial de ter comandado espancamento de dois suspeitos de envolvimento em furto.
O delegado e mais seis policiais federais lotados na superintendência carioca estão sendo processados na 13ª Vara Federal do Rio.
Os espancamentos teriam ocorrido na madrugada de 21 de agosto de 1996. As vítimas são Carlos Abel Dutra Garcia, 41, funcionário da Petrobrás, e o pedreiro Rosaldo Teixeira Silva, 27.
Garcia foi submetido a exame no IML (Instituto Médico Legal) na tarde do dia 21. O legista Nereu Guerra concluiu que ele tinha lesões recentes e numerosas nos quadris, costas, braços, pernas, pescoço, testa e olho direito.
Garcia e Silva foram presos na noite de 20 de agosto, em Jacarepaguá (zona oeste). Pouco antes, eles tinham saído de uma casa vizinha ao sítio do delegado, que, à época, chefiava a Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF no Rio.
A casa, que estava em reforma, tinha sido arrombada dias antes. O pedreiro trabalhava na obra.
Quando saíram da casa, no Fusca de Garcia, foram seguidos por Prel Júnior. Num posto, o delegado abordou os suspeitos e ordenou que eles se identificassem.
Na versão do delegado, Garcia não quis apresentar documentos e o xingou. O funcionário da Petrobrás diz que não pôde mostrar os documentos porque o delegado o impediu de abrir a bolsa.
"O delegado atirou para o alto e me deu um chute nos testículos."
Seis PMs chegaram ao local e revistaram o carro de Garcia, não encontrando armas, drogas nem produtos furtados.
Mesmo assim, o delegado decidiu prendê-los, acusando-os de desacato. Prel Júnior pediu reforço de oito agentes federais.
Garcia e Silva foram levados para a sede da PF, no centro. "Durante três horas levei chutes, socos, tapas, pisões. Eles tiveram que me dar três banhos para limpar o sangue", afirmou Garcia.
Informado dos fatos por Garcia, o Ministério Público Federal denunciou Prel Júnior sob acusação de lesões corporais e abuso de poder. Dois agentes foram denunciados pelas mesmas acusações.
Pela acusação de prevaricação (não teriam impedido as agressões), foram denunciados um delegado, um agente, um escrivão e um auxiliar.
Os promotores também denunciaram Garcia sob acusação de lesões corporais contra o delegado, em quem teria dado pontapés. Garcia nega a acusação.

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