São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Reator fica em universidade

Três escolas manifestaram interesse em instalar equipamento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA SUCURSAL DO RIO

A tecnologia do Projeto Atlântico de pesquisa nuclear, do Exército, vai ser transferida para uma universidade pública brasileira.
A universidade ficará automaticamente autorizada a instalar um reator nuclear da linha gás-grafite com potência de 0,5 megawatt.
A Folha apurou que três universidades já manifestaram interesse em receber a tecnologia e instalar o reator. Duas delas são a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
As universidades estão negociando com o ministro do Exército, Zenildo de Lucena.
A potência definida caracteriza o reator como um equipamento experimental, apropriado para pesquisa científica e treinamento e capacitação de recursos humanos. Serve para a fabricação de radioisótopos, para uso na medicina, agricultura e indústria, e radiação de alimentos para aumentar o tempo de conservação.
A decisão de concentrar a pesquisa do Projeto Atlântico em um campus universitário foi tomada em 96 e definida em um documento assinado pelos ministros Zenildo de Lucena e Ronaldo Sardenberg (Secretaria de Assuntos Estratégicos).
O documento deixa claro que o Exército não vai mais montar nenhum reator no Centro Tecnológico de Guaratiba (RJ), como previsto no projeto inicial.
Em nota divulgada ontem pelos ministros do Exército e do Meio Ambiente, Zenildo de Lucena e Gustavo Krause, e em pronunciamento do porta-voz do Planalto, Sergio Amaral, o governo negou que a construção do reator tenha fins militares.
A CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) informou ontem que o processo para autorizar o funcionamento de um reator no CTEx (Centro Tecnológico do Exército), no Rio, estava na primeira fase quando parou em 1996, a pedido do Exército.
Segundo Cláudio Camargo, chefe da Coordenação de Reatores da Superintendência de Licenciamento e Controle do órgão, a CNEN estudava as condições do local onde o Exército pretendia construir a instalação, parte do Projeto Atlântico.
O objetivo, explicou ele, era saber se a área (o IPE, Instituto de Projetos Especiais do CTEx, na Reserva Biológica e Arqueológica de Guaratiba, na zona oeste), tinha condições para receber uma instalação nuclear.
Depois dessa fase de avaliação do local, explicou, deveriam ser feitas a análise de segurança do projeto, o licenciamento para construção e a autorização de funcionamento.
O processo, afirmou Camargo, correu até 29 de agosto de 1996, quando, por ofício, o general Dilson Corrêa de Sá e Benevides, diretor do IPE, pediu a sua suspensão. Ele alegou que o Exército faria o reator em cooperação com uma universidade, fora do CTEx.

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