São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Arpoador e Grajagan

CARLOS SARLI

Para os cariocas, campeonato de surfe é como o Cristo sobre o Corcovado: está sempre lá, mas ninguém pára pra ver. Raras são as exceções. No caso da estátua guardiã, quando um parente ou amigo de fora vai fazer uma visita. Quanto aos campeonatos de surfe, até mesmo o Mundial realizado anualmente já não dá tanta audiência.
A primeira etapa do circuito carioca de surfe tinha tudo para ser apenas mais um campeonato. Mas não foi o que rolou. Programado para o meio da Barra, o Jamf/Hang Loose/Cidade Maravilhosa foi transferido para o Arpoador, que funcionou como há muito tempo não se via.
Um "swell" de leste gigante provocou esquerdas com mais de três metros, abrindo atrás do Pontão e correndo perfeitas sobre a bancada. Resultado: um dos campeonatos com as maiores ondas do surfe brasileiro e uma multidão no calçadão.
Dentro da água, a nova geração dando show. Yuri Sodré, 17, mostrou intimidade com as "morras" e largou na frente do circuito. Em segundo ficou João Guttemberg, 18, seguido pela revelação do evento, o amador Bruno Coutinho, 16, e por Cristiano Spirro, 23.
Enquanto isso, em Grajagan, Indonésia, começava o Quiksilver Pro, com esquerdas perfeitas de três a quatro metros e com os melhores do mundo.
Para felicidade de Teco Padaratz, o californiano Danny Melhado foi acompanhar o nascimento de seu primeiro filho, deixando a vaga para o atleta brasileiro.
Ontem, quatro dos oito brasileiros continuavam na competição. Os irmãos Padaratz, Teco e Neco, Jojó de Olivença e Guilherme Herdy. Os líderes do ranking, Slater e Occhilupo, também já haviam garantido no mínimo a nona colocação. O evento foi interrompido porque o mar baixou. As ondas estavam "só" com dois metros. Um novo "swell" com ondas de até cinco metros é esperado.

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