São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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A decisão de um torneio provinciano

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, objetivamente, há uma vantagem para o Corinthians hoje à noite: o fato de o São Paulo precisar da vitória concede a arma do contra-ataque (ponto forte dos dois times) ao alvinegro do Parque São Jorge.
Por outro lado, o jovem São Paulo do Dario Pereyra parece-me um time taticamente mais organizado, mais formatado do que o Corinthians de Nelsinho Batista.
Embora tenha Marcelinho de volta, de fato o principal jogador do Corinthians, Nelsinho perdeu um jogador taticamente imprescindível para o seu esquema: o lateral tornado meio-campista Silvinho, que marca bem e auxilia na construção do ataque.
Foi justamente quando Nelsinho teve a manha de colocar o jogador para completar o meio-campo que o Corinthians passou a ganhar estabilidade.
Não há dúvida: o Corinthians tem melhor elenco, melhor banco e tem jogadores experientes em decisões.
Mas não fez grandes jogos nem contra o Santos (apesar dos quatro gols) nem contra os fragmentos do Palmeiras.
Se Dario descobrir a fórmula de alimentar os encapetados Aristizábal e Dodô, e se Nelsinho montar um esquema excessivamente defensivo, pode estar aí uma combinação capaz de mudar o curso (que, aliás, em futebol, não significa muita coisa) da história.
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Quem, na verdade, não anda jogando nada na seleção é o Leonardo. Não jogou bem contra a Polônia, em Goiânia, não jogou bem contra o México, em Miami, jogou muito mal contra a Noruega e jogou muito mal contra a França.
Mas como ele tem um dos maiores lobbies na imprensa...
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Marco Aurélio Klein me diz que a estratégia do Milan será batalhar para a criação de um campeonato europeu.
O Milan vai preferir, daqui para a frente, participar de um campeonato continental com o Ajax, com o Barcelona, com Manchester United, a disputar uma partida do Campeonato Italiano contra times como o Udinese ou o Bari.
É um salto em termos organizacionais do futebol europeu, que dependerá de muita negociação (o que fazer com os campeonatos nacionais, o que fazer com as copas continentais), mas não há dúvida que o futuro não muito distante aponta para esse torneio.
Enquanto isso, por aqui, com meio ano já rodado, os chamados times grandes de São Paulo disputam um provinciano torneio regional, que, a ser mantido nesses termos, levará os patrocinadores globalizados, os que realmente têm o poder da grana, a desistirem desses clubes.
O Cruzeiro, quietinho, quietinho, continua na Libertadores deste ano. Eliminado em 97, o Grêmio já está na Libertadores de 98. Até quando os diretores dos clubes paulistas se submeterão a esse suicídio de disputar, com o time principal, um Campeonato Paulista tão longo, quando o que realmente interessa é só o quadrangular final?
Quando os diretores dos grandes de São Paulo e do Rio deixarão de ser os otários que investem muito dinheiro para gaúchos e mineiros (merecidamente) ficarem com os títulos?

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