São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Karen Finley traz sua polêmica a "Babel"

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Karen Finley, a artista norte-americana que usa sua voz, corpo e arte para denunciar sexismo, censura e todo tipo de preconceito contra minorias, terá ao todo quatro participações em "Babel".
O evento reúne 90 artistas até o dia 15 no novo espaço do Sesc, em Pinheiros (zona oeste de SP).
Aclamada nos EUA, onde é perseguida por puritanos e pelo governo -que cortou subsídios para seus trabalhos- Finley ficou fascinada com o espaço de "Babel" e se inspirou para fazer, além da instalação já em cartaz, e da performance "We Keep Our Victims Ready", um vídeo e um painel.
O vídeo deve ser feito aqui no Brasil, na Pinacoteca do Estado, e vai chamar "Nude and Museum". "É uma obra em que eu, nua, serei filmada em frente a nus que estão expostos no museu", disse Finley.
A projeção, sem data confirmada, vai acontecer em uma das paredes dos prédios que circundam o ex-posto de gasolina onde "Babel" está instalado.
A outra novidade é a instalação interativa "The Mother's Maiden Name Wall", um painel para o público escrever seu nome. O título da instalação refere-se ao nome de solteira, que muitas vezes some quando uma mulher se casa.
Também interativa é a instalação em cartaz, "A Cadeira Vazia & Escrito na Areia", uma sala azul com cinco montes de areia e um altar com uma cadeira feita de flores secas. Na parede, há a mensagem: "Na areia escreva os nomes daqueles que você amou e perdeu".
"Montei esta instalação a partir da dor da perda de amigos meus que morreram de Aids. Quis transformar meus sentimentos em ritual. A areia simboliza o vazio do espaço que antes a pessoa ocupava na cama, na mesa. Mas na cabeça de quem fica, o ser querido continua existindo. A cadeira representa o espírito dos que morreram."
Na performance "We Keep Our Victims Ready" (Mantemos nossas vítimas prontas), domingo, às 19h, ainda promete ser sua expressão mais contundente em "Babel". "Cubro meu corpo de chocolate, fico marrom, como fezes. Estou processando o governo porque ele cortou verba para meu trabalho e expresso isso nesta performance. É inconstitucional impor restrição à arte."
Na performance, faz um discurso compulsivo para contar a história de uma sociedade controlada por um branco heterossexual que violenta e oprime mulheres, minorias étnicas e homossexuais.

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