São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Bill Clinton vai à TV para mostrar paixão por rock

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Há quem diga que Bill Clinton vai se candidatar ao Senado depois que deixar a Casa Branca em 20 de janeiro de 2001. Mas, a julgar pelas suas recentes atividades artísticas, é provável que ele também estude a possibilidade de comandar algum programa de TV.
Após ter aparecido como ator (no papel de si mesmo) numa minissérie, Clinton estréia esta semana como crítico musical. A rede de TV por cabo VH1 está colocando no ar o especial que fez com o presidente sobre sua paixão por música, em especial o "rock and roll".
O programa revela pouco além do que já se sabe e perde a oportunidade de pressionar o presidente para fazer alguma coisa de útil, como, por exemplo, deter o processo de degradação por falta de verbas enfrentado pela educação musical nas escolas públicas dos EUA.
Em vez disso, a VH1 deixa o presidente fazer sua demagogia à vontade, como se a progressiva alienação do poder público em relação ao desenvolvimento das artes só tivesse a ver com o Congresso dominado pela oposição.
Clinton é mau ator. Embora se saiba que sua paixão pela música é autêntica, às vezes ela soa falsa, exagerada, no programa. Raramente ele demonstra genuína sinceridade, como quando afirma que o único vínculo que existe entre ele e seu pai, morto antes do seu nascimento, é o saxofone de 1915 que ele herdou e toca até hoje.
Ele diz ter, na juventude, considerado a perspectiva de se profissionalizar como saxofonista. Examinou a possibilidade de se mudar para Paris e estudar música. "Mas eu não queria passar a vida tocando em clubes à noite e dormindo durante o dia. Eu nunca parei de amar a música, mas sabia que nunca seria um grande músico."
Por isso, se dedicou à sua outra paixão juvenil, a política, que lhe deu o privilégio de receber em sua casa, para audições particulares, os grandes ídolos da mocidade.
Claro, ele não teve o privilégio reservado a Richard Nixon de levar à Casa Branca o seu inspirador musical, Elvis Presley.
O programa mostra cenas conhecidas, como a participação de Clinton como saxofonista no programa de Arsenio Hall na campanha de 1992. Mas também apresenta algumas cenas inéditas de filmes domésticos com o garoto Clinton fazendo música na garagem de casa, no Estado de Arkansas.

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