São Paulo, quinta-feira, 5 de junho de 1997
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Argelinos escolhem Parlamento

Governo teme violência hoje

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Em meio a um enorme aparato de segurança, os argelinos escolhem hoje a composição da Assembléia Nacional (a Câmara Baixa do Parlamento), mais de cinco anos depois de as eleições terem sido anuladas pelo governo.
Soldados e policiais intensificaram os bloqueios nas entradas de Argel, a capital, e em algumas ruas próximas ao centro da cidade, local que é alvo constante de ataques de terroristas muçulmanos.
Policiais também eram vistos guardando os locais de votação.
Segundo o governo, mais de 300 mil homens -militares, policiais e membros de grupos de autodefesa- se dedicarão exclusivamente a zelar pela paz nas eleições.
As forças de segurança do país votaram no início da semana.
Nos últimos domingo e segunda-feira, três bombas explodiram em Argel. Os atentados mataram 22 pessoas e deixaram outras 120 feridas.
Os cerca de 17 milhões de eleitores, de uma população de 28,6 milhões, devem escolher os 380 membros que vão compor a Câmara Baixa do Parlamento do país. São 7.749 candidatos divididos em 39 partidos.
Segundo analistas, a Reunião Democrática Nacional, apoiada pelo presidente Zeroual, e o Movimento para uma Solução Pacífica (MSP), partido islâmico moderado, devem receber as votações mais expressivas.
Nenhum dos dois, porém, deve obter maioria absoluta. Os partidos radicais islâmicos estão proscritos.
O presidente argelino prometeu conduzir uma eleição justa, em que as autoridades manterão uma postura neutra. Mas líderes políticos da oposição duvidam da imparcialidade do governo.
"Nós não confiamos no regime", disse Khalida Massoudi, candidato da União para Cultura e Democracia (partido islâmico).
Nas eleições presidenciais de 1995, quando Zeroual foi eleito com 61,04% dos votos, houve diversas denúncias de fraude.
O líder do MSP, Mahfoud Nahanah, que ficou em segundo lugar na corrida pela Presidência em 1995, disse às autoridades que a Argélia mergulharia em uma crise ainda mais profunda se os eleitores fossem ludibriados.
A oposição secular ao presidente, comandada pela Frente Socialista, luta para que Zeroual abra negociações com todos os grupos contrários ao governo, inclusive com a Frente Islâmica de Salvação (FIS), o principal partido fundamentalista religioso do país.
A onda de violência que assola o país começou em 1992, quando as eleições que eram vencidas pela FIS foram anuladas (veja texto ao lado).

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