São Paulo, sexta-feira, 6 de junho de 1997
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ACM e Simon trocam ataques no Senado

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), ocupou a tribuna ontem para responder a críticas feitas a ele pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS) no programa de Jô Soares, na terça-feira, e envolveu-se em um bate-boca que durou toda a sessão.
Simon afirmou na entrevista que existe um quinteto -formado por ACM, o líder do governo na Câmara Luís Eduardo Magalhães, o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira, e o embaixador em Portugal Jorge Bornhausen- que "faz a cabeça" do presidente Fernando Henrique Cardoso. Na entrevista, Simon se referiu a Luís Eduardo como "o filho" de ACM.
"Vossa excelência, senador, é um sofredor. Tenho pena. Tenho pena e qualquer pessoa sensata há de ter pena de quem procede como vossa excelência ao longo da sua vida", declarou ACM.
Até o ex-presidente Itamar Franco acabou envolvido na confusão. ACM chamou o governo Itamar, do qual Simon foi líder no Senado, de "governo de atraso". Disse que Itamar "nunca exerceu a Embaixada de Portugal, como não está exercendo a da OEA (Organização dos Estados Americanos)".
ACM anunciou com antecedência que faria o pronunciamento. Da tribuna, disse que Simon adotou "atitude antiética, deseducada, deselegante e covarde", ao referir-se a ele e a seu filho, Luís Eduardo Magalhães, na entrevista.
"O senador Pedro Simon, no auge da sua inveja, foi agora a um programa de televisão fazer, como sempre faz, insinuações demonstrando o ciúme doentio daquele que, não conseguindo se realizar, inveja os que se realizam", disse.
O presidente do Senado mostrou irritação principalmente com o fato de Simon ter se referido a Luís Eduardo sempre como "filho do senador Antonio Carlos".
O senador baiano afirmou que Simon "desmoraliza o Senado com as cenas pitorescas do seu procedimento" e que, com isso, o público "o leva no ridículo".
ACM falou por 29 minutos, sempre olhando para Simon. Ao final, o presidente da Mesa, Geraldo Melo (PSDB-RN), recorreu ao regimento para impedir que Simon respondesse. Concedeu apenas cinco minutos antes da Ordem do Dia (tempo de discussão de matérias) provocando irritação do líder do PMDB, Jader Barbalho (PA).
Barbalho deu murros na mesa e gritou, exigindo tempo para Simon, que só usou a tribuna após a Ordem do Dia -mas falou por 62 minutos. Simon reafirmou tudo o que havia dito na entrevista. Disse que o quinteto "norteia o governo Fernando Henrique". Disse que o governo FHC afastou-se do PSDB e esqueceu as questões sociais.
Em um aparte, o próprio Barbalho teve um áspero bate-boca com ACM. Com ironia, Barbalho disse que a afirmação de Simon -sobre o poder do PFL sobre FHC- é uma "inverdade". "É uma invenção da imprensa que Antonio Carlos Magalhães é quem manda no presidente da República. Se alguém tem de se sentir injustiçado é o presidente da República", disse.
Jader afirmou que ACM "envolveu-se em vários episódios" no Senado, entrando em atritos com senadores. "Fui eleito presidente do Senado contra o voto do senador Jader Barbalho, o que, aliás, me dá muita autoridade", disse ACM. O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que FHC não teve conhecimento da discussão.

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