São Paulo, sexta-feira, 6 de junho de 1997
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Fresnot já tem novo projeto

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Alain Fresnot, diretor de "Ed Mort", já está trabalhando num novo projeto. Ele comprou os direitos e começou a preparar o roteiro de "Desmundo", livro da escritora Ana Miranda.
"É a história de garotas adolescentes de Portugal, que vinham mandadas para o Brasil em 1550. O filme será centrado em uma delas, cujo único desejo é voltar para Portugal", conta.
O diretor ainda não tem estimativa de quando o filme será realizado, mas já começou a escrever o roteiro junto com o escritor Fernando Bonassi (autor de "Um Céu de Estrelas"). "O mais difícil é conseguir o dinheiro", diz.
No caso de "Ed Mort", o Prêmio Resgate do Cinema, durante o governo Itamar Franco, foi o ponto de partida financeiro. Foram US$ 260 mil, dinheiro suficiente para começar a produção.
Depois, ele captou cerca de R$ 400 mil utilizando a Lei do Audiovisual. Contou ainda com a participação da Riofilme e do prêmio HBO (emissora de TV a cabo).
Fresnot adquiriu os direitos de "Ed Mort" logo após ter lançado "Lua Cheia", filme que, segundo ele, foi "mal visto e mal falado".
"A gente trabalha três anos num filme e sofre quando ele não acontece", afirmou o diretor. No texto de Luis Fernando Veríssimo, viu a possibilidade de fazer algo crítico, pertinente e, em tese, com mais apelo popular.
Mas o diretor nega que o nome de Luis Fernando Veríssimo e o personagem por si foram considerados "garantias" de sucesso.
"As pessoas hoje têm a sensação de que o Ed Mort é um personagem conhecido, consagrado, mas há três anos poucos o conheciam. Mesmo as histórias em quadrinhos não chegaram a vender bastante, a ser um sucesso."
Apesar de ser bastante crítico, o diretor diz que quis imprimir "um olhar carinhoso sobre todos os personagens".
"Não há um alvo escolhido. Penso que o filme tem um lado irmãos Grimm e se permite uma certa crueldade com os personagens. A própria apresentadora infantil tem seu lado perverso", diz.
Um dos que não são poupados é o personagem de Otávio Augusto, um delegado corrupto. "Apesar de ser corrupto e gay, tenho um especial carinho pelo personagem do delegado. Por caminhos não tradicionais, o filme respeita alguns cânones da dramaturgia: o herói é bom e, de certa forma, casa com a mocinha."
(PD)

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