São Paulo, sexta-feira, 6 de junho de 1997
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O CASO DA PONTE

Existia uma ponte. Ela rachou. O trânsito na cidade de São Paulo tornou-se um caos. Para um órgão público, a culpa é do outro. O fato é que a população de São Paulo teve de amargar talvez até horas de engarrafamento devido a uma simples questão de manutenção do que já existe.
À população, que paga seus impostos, a questão que menos interessa é a de quem é a culpa. Bastaria que a ponte ficasse de pé em segurança.
Não ocorreu uma tragédia, mas as pessoas que utilizam a ponte e a avenida ameaçadas vinham correndo um risco, não se sabe exatamente há quanto tempo, devido a uma pendenga burocrática entre o município e o Estado. Discutia-se quem pagaria a conta da reforma da ponte dos Remédios; parecia não importar o prejuízo irremediável de quem visse cair toneladas de concreto sobre sua cabeça -ou até despencar com elas.
Tal leviandade suscita justificadamente o temor de que outras pontes, viadutos, o que seja, talvez estejam em vias de desmoronar e que a Prefeitura de São Paulo, que vem investindo pesadamente em obras viárias, talvez não esteja cuidando adequadamente da manutenção do equipamento público e, consequentemente, da segurança dos cidadãos. Afinal, o bem-estar da população parece não ter sido prioridade na discussão sobre a responsabilidade da reforma, se municipal ou estadual.
A perspectiva agora é de seis meses de interdição da ponte dos Remédios (o nome não deixa de ser irônico), até que seja consertada. Enquanto isso, o paulistano, por mais obras viárias que se construam, terá de conviver com um trânsito ainda mais complicado que o "normal".
É um acinte que o cidadão, que paga regularmente seus impostos, tenha de aturar não só as consequências desse incidente (ainda que evitável) como também o jogo de empurra-empurra entre duas esferas de governo. A cidade precisa andar, com segurança. Era isso que importava.

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