São Paulo, sexta-feira, 6 de junho de 1997
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Caruso "reina" em musical interativo

NELSON DE SÁ

"Os Reis do Improviso", de Marcos Caruso e Jandira Martini, é de tal maneira "kitsch" que, à primeira vista, pode chocar. Das rodadas de bingo aos figurinos de Carmem Miranda, o musical leva a cafonice ao paroxismo. Mas vence e ultrapassa a opção popularesca, para apresentar cenas como é raro assistir no teatro; de ridículas, certas passagens de Caruso, por exemplo, chegam ao patético e até ao tragicômico. "Os Reis do Improviso" aprofunda a dramaturgia de improvisação "interativa" já desenvolvida anteriormente, pela diretora Noemi Marinho, no também musical "Almanaque Brasil" e na comédia de suspense "Corte Fatal", dois sucessos de público.
Aqui a "poesia ativa", do primeiro espetáculo, se une ao diálogo com o público, do segundo, para duas horas de entrega e risco, dos quatro comediantes -além de Caruso e Martini, Eliane Rocha e Eduardo Silva. Eles cantam, dançam, em referências aos velhos musicais dos anos 30 e 40, às chanchadas, às revistas da tradição teatral brasileira, culminando com um longo improviso em que as já reconhecidas qualidades do elenco provam-se sem máscaras.
A partir de sugestões -frases- variadas distribuídas pelos cartões de bingo, os atores vão construindo seus personagens e uma trama, diante do público. É a "poesia ativa", recurso que envolve a platéia como se estivesse diante em algum programa popular de auditório. Um teatro popular, com artistas de grande talento.

OS REIS DO IMPROVISO. Bibi Ferreira (av. Brig. Luís Antônio, 931, Bela Vista, região central, tel. 605-3129). 300 lugares. Qua. a sáb.: 21h. Dom.: 19h. Até outubro. 100 min. 12 anos. Ingr.: R$ 15 (qua.), R$ 20 (qui.), R$ 25 (sex. e dom.) e R$ 30 (sáb.). Estac. (R$ 11).

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