São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997
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Alfonsín inicia corrida eleitoral com críticas ao próprio governo

Para ex-presidente, lei sobre regime militar é ruim

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-presidente da Argentina Raúl Alfonsín deu início à sua campanha para deputado com uma profunda autocrítica à sua gestão presidencial (1983-1989).
Alfonsín, o primeiro presidente eleito após o regime militar (1976-1983), disse que "a Lei do Ponto Final foi ruim". "Eu não gostei de enviá-la ao Congresso. Eu o fiz, porém, para zelar pelos direitos humanos no futuro."
Pressionado por revoltas de militares da ativa no final dos anos 80, Alfonsín enviou a Lei do Ponto Final ao Congresso.
A lei impediu que os militares de patente inferior à de coronel fossem julgados por acusações de abusos cometidos durante o regime. Cerca de 8.000 dissidentes políticos morreram ou desapareceram durante aqueles anos.
Mais tarde, em outubro do mesmo ano, o presidente Carlos Menem, curvando-se às mesmas pressões, iria indultar os chefes militares condenados.
Alfonsín também se criticou por haver entregado o poder a Menem seis meses antes do fim de seu mandato. Naquele momento, o país assistia a uma inflação anual de cerca de 5.000% e a uma onda de saques e tumultos.
O ex-presidente, que concorre a uma vaga de deputado nas eleições previstas para outubro próximo, disse também "a entrega antecipada não foi boa nem conveniente para a democracia argentina". Menem, reeleito em 1995, iniciou sua administração aplicando medidas austeras de combate à inflação. Uma relativa estabilidade econômica, porém, só seria atingida em 1991, quando foi aplicado o plano elaborado pelo ex-ministro da Economia Domingo Cavallo.

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