São Paulo, sábado, 7 de junho de 1997
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Túmulo ilustra o culto à personalidade

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido como Lênin, teria pedido para ser enterrado. A desobediência a esse último desejo do fundador do Estado soviético é resultado do culto à personalidade que marcou o comunismo.
Lênin morreu de infarto, aos 53 anos, em 1924, sete anos depois de dirigir o golpe bolchevista.
Os chefes do governo ordenaram que o corpo fosse embalsamado e o exibiram na Praça Vermelha, no centro de Moscou, num mausoléu de madeira. O monumento atual, uma pirâmide de granito perto do muro do Kremlin -sede do Executivo- terminou de ser construído em 1930.
O culto à personalidade não se resumiu a Lênin, o principal ídolo do comunismo.
Nos muros do Kremlin estão enterrados heróis nacionais como o cosmonauta Iuri Gagárin, o comunista norte-americano John Reed -autor do livro "Os Dez Dias que Abalaram o Mundo", sobre a Revolução Russa- soldados mortos na segunda guerra e quase todos os líderes do governo comunista -Stálin, Leonid Brejnev, Iuri Andropov, Kostantin Tchernenko.
As exceções são Nikita Khruschov, que foi expurgado por ter denunciado os crimes de Stálin, e Mikhail Gorbatchov, que está vivo.
Noivas
O corpo de Lênin é mantido a uma temperatura e nível de umidade controlados, dentro de uma caixa de vidro à prova de balas. Todos os anos, o processo de embalsamamento é renovado, o que pode manter o corpo no atual estado de conservação durante séculos.
Por muitos anos, o túmulo foi um dos lugares mais visitados de Moscou.
Era comum se formarem filas de noivos em frente ao monumento. Os recém-casados queriam tirar fotografias -com o vestido branco, o véu e o buquê- ao lado do corpo embalsamado.
Depois do fim do governo comunista, Lênin teve a guarda de honra reduzida e o túmulo perdeu prestígio entre os noivos russos.
A moda agora é tirar fotografia no túmulo do soldado desconhecido, nos jardins do Kremlin. Mas ainda se vêem casais encerrando a comemoração das bodas ao lado do corpo de Lênin.

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