São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
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Globalização alveja sindicatos dos EUA

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

A globalização, principal fenômeno da economia mundial no final do século, está enfraquecendo o sindicalismo norte-americano.
No livro "Um Mundo, Pronto ou Não", o jornalista William Greider diz que o processo está provocando uma destruição criativa em todos os cantos do planeta, com grande vantagem do capital sobre o trabalho.
Com a globalização, o autor acredita que formas de exploração do trabalho humano que marcaram a indústria no início do século estão ganhando novo impulso.
A procura por um maior retorno no investimento está fazendo com que a produção seja transferida a países de mão-de-obra barata.
Atração
Nos Estados Unidos, regiões com movimento sindical menos atuante se tornam mais atrativas.
"Nos últimos anos, várias fábricas abandonaram o Estado de Nova York, cujo sindicalismo, apesar de ter se enfraquecido, ainda é mais forte do que o de outras regiões", comentou Esther Bigler, diretora da Escola de Relações Industriais e Trabalhistas da Universidade Cornell.
Em 1996, 26,8% dos trabalhadores em Nova York eram sindicalizados, o que representa mais do que a média nacional (14,5%).
Para Greider, a globalização da produção está eliminando o número de empregos nos Estados Unidos e diminuindo os salários.
Menos sindicalizados
Bigler concorda com o jornalista, que é editor da revista "Rolling Stone" e conversou com trabalhadores de diversos Estados e países para escrever a obra.
"Os números mostram que ele tem razão, e o sindicalismo, graças em grande parte à globalização, foi perdendo espaço", afirmou.
"Não é mera coincidência que nos anos 50 os Estados Unidos tinham 35% de trabalhadores sindicalizados e hoje só têm 14,5%."
Bigler acha, no entanto, que a situação pode mudar.
"O movimento sindical percebeu que estava sumindo e precisava se reestruturar. Agora, finalmente, dá indícios de que voltou a se mexer."
Reação
Nos últimos meses, sindicatos norte-americanos têm feito grandes campanhas de filiação.
Em Nova York, por exemplo, o objetivo é recrutar 10 mil motoristas de limusines, além de funcionários de hospitais e enfermeiras.
Em Las Vegas, o alvo são trabalhadores da construção civil e de hotéis e cassinos da região. Em Miami, enfermeiras que atendem pacientes em casa.
"Não sei se o movimento terá sucesso, mas os sindicatos estão investindo quantias vultosas na campanha", disse Bigler.
" É a única forma de ganharem visibilidade e virarem instrumento de pressão no Congresso", acredita a pesquisadora.

"One World, Ready or Not - The Manic Logic of Global Capitalism"- William Greider, editora Simon & Shuster (528 páginas, US$ 27,50)

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