São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CUT e Força vão avaliar renúncia fiscal

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Vaccari Neto, afirmou que a central aceita debater os cálculos sobre a renúncia fiscal que a proposta de redução da jornada de trabalho para 30 horas causaria aos governos.
O convite à CUT para o debate foi feito na última terça-feira pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (Força Sindical), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, durante debate sobre o tema promovido pela Folha.
A proposta de redução de 44 para 30 horas semanais, com renúncia fiscal, faz parte de um protocolo de intenções assinado há cerca de um mês pela Força e por três sindicatos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
As duas centrais sindicais divergem sobre o tamanho da renúncia. Segundo a Força, União, Estados e municípios deixariam de arrecadar R$ 9,4 bilhões caso houvesse adesão de toda a indústria no país.
Para a CUT, a renúncia fiscal poderia chegar a R$ 40 bilhões, ou 5% do PIB (Produto Interno Bruto).
A diferença entre as contas das centrais existe porque a base de cálculo é diferente. A Força só levou em conta a redução da jornada na indústria. A CUT engloba todas as empresas do país.
Incentivos
Debater os números da renúncia fiscal, no entanto, não significa que as centrais irão discutir um projeto conjunto de redução.
"A CUT não concorda com proposta de renúncia fiscal, seja ela de R$ 40 bilhões ou R$ 9 bilhões", disse Vaccari Neto.
Segundo ele, a central tende a aceitar propostas de incentivos fiscais, desde que analisados caso a caso e que não representem perda de arrecadação.
A proposta da CUT é que a jornada seja reduzida de 44 para 40 horas semanais em todo o país, sem redução de salários e impostos. Seriam criados 3,6 milhões de empregos, segundo a central.
Paulinho acha impossível reduzir a jornada sem a renúncia fiscal. "As empresas não conseguiriam absorver o aumento dos custos."
Para o metalúrgico, a renúncia de R$ 9,4 bilhões, que seria compensada pela criação de 4,4 milhões de empregos, é bem menos dinheiro que o aplicado no Proer.
O diretor da Fundação Seade, Pedro Paulo Martoni Branco, acha que a proposta da Força esbarra na crise fiscal que o país atravessa.
"A idéia é válida porque envolve todas as partes na discussão. Mas, no momento, não há sincronia entre a proposta e a crise fiscal."
Para ele, os sindicatos devem encontrar formas de inibir as horas extras.
Outro participante do debate na Folha foi o empresário Roberto Ferraiolo, diretor de Relações Intersindicais da Fiesp.
(SL)

Texto Anterior: Globalização alveja sindicatos dos EUA
Próximo Texto: Para Fiesp, só crescimento gera empregos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.