São Paulo, domingo, 8 de junho de 1997 |
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É tudo uma questão de estreitar os olhinhos
ALBERTO HELENA JR.
Até agora, diante de adversários descategorizados, submetidos safadamente à nossa sauna tropical, antes da biaba inevitável, descantamos (atenção: é do verbo descantar mesmo) os feitos de nosso ataque criativo e impiedoso, mais na suposição do que poderia vir a ser, com os treinamentos adequados, tempo de adaptação etc., do que pela performance realizada. Afinal, também juntávamos nossos trapos pelo caminho, à véspera do amistoso, para montar o barraco de uma noite auspiciosa. A inspiração deste ou daquele bastava para acender nossa imaginação. Nesta excursão, porém, estamos caindo na real. Agora, dispomos de tempo e mesmo assim continuamos vagabundeando, segundo relatos dos que acompanham o passeio da seleção pela Oropa, França e Bahia. A defesa já era velho e crônico problema. Joga em linha, como nenhuma outra no mundo, há mais de 20 anos, o faz. E toma gol do Uruguai, da Nigéria, da Noruega, até da Cochinchina, se ainda existisse. O meio-campo divide-se claramente em dois setores: o defensivo, composto por dois volantes exclusivamente de marcação, e dois meias de criação, embora Zagallo insista na fábula do número 1, que se transformou em sua mais recente obsessão. Antigamente, era a fixação pelo ponta-esquerda recuado, lembram-se? Agora, é o tal de número 1 (ô Fischer, isso é coisa sua, é?). Pois por ali desfilaram e queimaram-se os nossos maiores talentos, de Rivaldo a Djalminha, passando por Juninho e Giovanni. Mas, se Zagallo estreitasse os olhinhos como o Matinas, veria que o foco da questão -além, óbvio, da formação defensiva- está em Leonardo, extraordinário jogador... de defesa, acrescento. Seria nosso segundo volante com o pé direito nas costas. Mas, como meia, perde, em eficiência, talento e criatividade para todos os números 1 que Zagallo está incinerando na fogueira de sua teimosia. Mas tudo indica que não será esse mesmo o destino de Leonardo. A não ser que hoje, contra a Itália, ele faça chover, vai mesmo é juntar-se às cinzas de seus antecessores, já que Zagallo, na sexta, dava a entender que, com a entrada de Denílson, Leonardo seria o próximo número 1. Huuum! * E eis o Corinthians, campeão dos campeões. E quem duvidava? Só os ingênuos. Porque, no futebol, apesar de todas os sortilégios, raramente o mais forte deixa de ser o campeão. E o Corinthians, graças aos pesados investimentos do banco Excel, transformou-se, disparado, no melhor. Só não o seria se o Palmeiras pudesse ter se utilizado das sobras dos maciços investimentos da Parmalat, até a temporada passada. Não pôde, por várias circunstâncias, e o Corinthians levou de galopinho. Ao tricolor e ao Santos resta o futuro, para ser olhado com esperança e dignidade. Texto Anterior: Kuerten sobe à rede por feito inédito Próximo Texto: Amor Índice |
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