São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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Rosane Collor depõe hoje em Brasília

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ex-primeira-dama Rosane Collor depõe hoje na 12ª Vara da Justiça Federal em Brasília em processo criminal aberto por denúncia da Procuradoria da República no Distrito Federal.
Ela é acusada de fraude, corrupção passiva e peculato à frente da LBA (Legião Brasileira de Assistência).
Segundo a denúncia do procurador da República Luís Wanderley Gazoto, Rosane teria recebido cerca de R$ 600 mil de empresas beneficiadas com alteração ilegal de uma licitação para a compra de 1,6 milhão de kg de leite em pó.
Na denúncia consta que o aditamento, autorizado por Rosane, elevou o preço do produto em 41%, enquanto a legislação teria limitado o reajuste em 25%.
Rosane irá depor na 12ª Vara Criminal como ré primária (nunca condenada).
Outro lado
"Querem agora crucificar Rosane de qualquer forma, já que nada conseguiram com o marido", afirmou o advogado da ex-primeira-dama, Amauri Serralvo.
Em 94, o STF (Supremo Tribunal Federal) absolveu Collor da acusação de corrupção passiva no processo que resultou na condenação de Paulo César Farias e seus sócios por falsidade ideológica (abertura de contas bancárias fantasmas).
"Essa licitação já foi arquivada na LBA, foi aprovada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e é difícil dizer o que a Procuradoria da República pretende desenterrando esse caso", disse ele.
Como vantagem para Rosane, Serralvo aponta que nunca até hoje a Polícia Federal e a Procuradoria conseguiram convencer a Justiça. "Às vezes, a procuradoria não consegue convencer a si mesma da denúncia", diz o advogado.
Em fevereiro, o procurador Antonio Carlos Bigonha pediu o arquivamento da denúncia contra Rosane por jantar oferecido a sua ex-chefe de gabinete na LBA.
"Inquérito-mãe"
A batalha judicial da família Collor não deve acabar tão cedo. Até o final do ano, deve ser concluída a análise do inquérito 113/92, o chamado "inquérito-mãe" do esquema PC, concluído há um ano.
Ao final das 267 mil páginas, o delegado Paulo Lacerda afirma que o ex-presidente era o "sustentáculo velado" do esquema PC.

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