São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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Acidente destruiu corpos e vaidade de adolescentes

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais que dilacerar seus corpos, a explosão de um ano atrás feriu a vaidade das adolescentes Janaína Reis Malagoli e Thaís Mato Grosso, ambas de 18 anos, e Gilmara Pereira de Castro, 17.
A primeira iniciava uma carreira de modelo, com participações em desfiles, concursos e eventos promocionais. Depois de duas cirurgias para reconstruir o joelho direito e da fisioterapia diária para tentar recuperar os movimentos do pé direito, as passarelas já não passam de um sonho do passado.
"Consigo andar, mas não muito rápido. Meu pé não levanta e às vezes a perna sai do lugar. Dói muito", contou Janaína Malagoli.
Fotos, talvez? "Nem pensar. Fiquei com cicatrizes no rosto e no resto do corpo. Só depois de uma cirurgia plástica", respondeu ela.
Thaís Mato Grosso não consegue se lembrar da explosão. Mas ainda sente a perna esquerda, a qual teve amputada dias após a explosão. "Tenho a sensação de ter a perna. É incrível, fico confusa. Cheguei a cair uma vez, mas estava sedada."
Duas vezes por semana, ela pratica caminhar com a prótese que ganhou de uma loja de artigos ortopédicos. A despeito dos problemas neurológicos -passou a ter convulsões e redução da visão- que sofreu, ela também terminou o colegial e, agora, pensa em cursar uma faculdade de direito.
"Gosto de dançar. Nem sei se vou poder voltar a fazer isso", contou. "Mudou muita coisa. Sempre fui muito vaidosa, ligava para a estética, jeito de andar, de vestir, pensava em coisas materiais. Isso vai ficar de lado. Era magra. Agora, engordei", concluiu.
Com Gilmara Pereira de Castro aconteceu o inverso. As 21 cirurgias que sofreu -19 para reconstituir as pernas, uma para retirar um coágulo da cabeça e outra para drenar uma hemorragia no abdômen- reduziram sua massa corpórea de 65 para 30 quilos.
Gilmara passou cinco meses no hospital. Este ano, em cadeira de rodas (ela não pode nem dobrar as pernas), voltou à escola, na oitava série. "Os médicos falaram que, se eu voltar a andar, ainda vai demorar muito", disse ela.
(MT)

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