São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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Família de Kuerten quer evitar o 'efeito Rubinho' após a conquista

IGOR GIELOW; MARTA AVANCINI
DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS E

Família de Kuerten quer evitar agora rótulo de herói nacional
A família de Gustavo Kuerten quer evitar que o sucesso do tenista o transforme em candidato a herói nacional da vez, como ocorreu com o piloto Rubens Barrichello após a morte de Ayrton Senna, em maio de 1994.
O "efeito Rubinho" consiste na pressão exagerada sobre o atleta, por parte da mídia e de patrocinadores, levando, muitas vezes, à queda de rendimento.
Barrichello só reencontrou seu melhor desempenho na F-1 três anos depois da morte de Senna.
"Um jogo é um jogo. Ele ganhou e acabou. Não gostaria de chegar no Brasil e ter uma multidão esperando. Vou tentar fugir disso porque não é bom para ninguém", disse a mãe de Kuerten, Alice.
Segundo ela, a súbita notoriedade do filho já está incomodando. "Gostaria que dessem mais destaque aos problemas do Brasil, como os da infância. Não gosto dessa coisa de herói."
Alice trabalha numa instituição ligada ao governo catarinense que dá auxílio a crianças com deficiência mental em Florianópolis. O irmão mais novo de Kuerten, Guilherme, 17, é deficiente.
Seguranças
Desde que ganhou a semifinal contra Filip Dewulf, na sexta-feira, Kuerten é acompanhado por dois seguranças da organização do torneio. "Não me agrada. Antes tudo era complicado, conseguir uma água no hotel era difícil. Agora, só porque o Guga está bem é tudo fácil. Eu nem aceito a água que me oferecem", disse Alice.
Para Kuerten, a pressão é normal. "Não vou mudar minha rotina por nada. Acho que ter muita gente torcendo por mim no Brasil só é bom. Não tem essa de ser herói", disse.
Parte da estratégia da família de Kuerten está no calendário do tenista. Ele não vai voltar para o Brasil logo. "Vamos poupá-lo o máximo possível", disse o treinador e mentor de Kuerten, Larri Passos.
Kuerten viaja hoje às 15h (10h de Brasília) para Bolonha (Itália), onde participa de um torneio em quadra de saibro.
Na sequência, vai para Nottingham (Inglaterra) participar de um torneio em quadra de grama.
Será seu primeiro preparativo para Wimbledon, o torneio mais famoso do mundo -que é disputado nesse piso.
Ou seja, nada de recepções festivas em aeroportos, nada de desfile em carro aberto. "Vai ser muito ruim se ele não puder ir para a praia sossegado em Florianópolis", disse a mãe.
"E eu pretendo continuar pegando onda", disse Kuerten.
(IGOR GIELOW e MARTA AVANCINI)

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