São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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Família foi fundamental para a carreira

ALESSANDRO BONASSOLI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Gustavo "Guga" Kuerten, 20, começou a jogar tênis aos seis anos. Inquieto, o menino louro e magro procurava passar a maior parte do tempo nas quadras da Associação dos Empregados da Telesc (companhia telefônica de Santa Catarina), onde trabalha sua mãe.
Terminadas as aulas de tênis, corria para a quadra de futebol de salão -sonhava ser jogador.
Insatisfeito, Gustavo entrou com tudo no basquete, onde até chegou a se destacar mais tarde.
Toda essa energia e muita simpatia conquistavam todos a sua volta. Aprendeu a maioria de suas jogadas como tenistas catarinenses mais velhos, como Márcio Carlsson e Rita Cruz Lima, que já tinham algum destaque nacional. Aos 15 anos, Gustavo adaptou as principais características dos colegas para definir seu estilo próprio, sob a orientação do técnico Larri Passos. Três anos depois, foi campeão juvenil no torneio de duplas de Roland Garros, ao lado do equatoriano Nicolas Lapentti.
Mas a principal responsável pela entrada de Guga nas quadras foi a família. Tanto a mãe, Alice, quanto o pai, Aldo Kuerten -que morreu de parada cardíaca quando se preparava para apitar uma partida de tênis- e o irmão mais velho, Rafael, praticaram o esporte.
Carlos Alves, o primeiro treinador de Guga, lembra que "o Rafael era bem melhor do que ele". Mas, com a morte do pai, Rafael assumiu as responsabilidades da casa e Guga ficou liberado para se dedicar profissionalmente ao esporte.
Outros que deram muita força ao catarinense e hoje servem de inspiração são a avó Olga Schlosser e o irmão mais novo, Guilherme. A avó é uma espécie de técnica informal. Já Guilherme, 17, que tem paralisia cerebral, é seu maior fã. Foi para ele que Guga mandou um beijo, pela TV, após a vitória sobre o russo Kafelnikov nas quartas-de-final, em Roland Garros.
Alegre e muito brincalhão, para Gustavo não há tempo ruim. O que mais deseja é curtir a vida. De preferência, surfando nas ondas da Praia Mole, em Florianópolis. Para melhorar, só a vitória do Avaí sobre o Figueirense pelo Campeonato Catarinense.
Na semana passada, criticou Zagallo por não convocar Jacaré, o meia-esquerda avaiano e seu ídolo. Jacaré, que havia sido o boleiro de Guga ainda no juvenil, virou um grande amigo e fã de Guga.
O tenista chama a atenção pelo jeito simples de ser. Perguntado sobre como estava se sentindo ao ser chamado pela imprensa européia de "Ronaldinho do tênis", indignou-se: "Sem comparação; Ronaldinho é Ronaldinho, eu sou o Guga".
Sobre o futuro, ele só tem certeza de que, apesar de ter sido convidado para treinar em vários países, vai continuar na ilha. "Amo a minha cidade. É o lugar que mais gosto no mundo", garantiu.

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