São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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A paixão na morada do poema

AUGUSTO MASSI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Amor, existiria substantivo mais abstrato? Amar, outro verbo teria sido tantas vezes conjugado? Ninguém é capaz de captar as infinitas reverberações dessa palavra, ela escapa até mesmo àquele que vasculha e frequenta todas as celas semânticas do dicionário. O amor se desdobra em mitos, se renova em histórias pretéritas e futuras, renasce em cada poema.
Essa miniantologia procurou ser sensível aos diferentes significados entrelaçados e contraditórios do amor; fidelidade e traição, escolha e tradição. A fidelidade a determinados poemas, significa que subtrai automaticamente os outros? Como conciliar o desejo de incluir outros poetas e o destino provisório e volúvel da página de jornal? A escolha desse crítico era mais ampla. De qualquer forma, cumpri voto de fidelidade à pluralidade do amor: platônico, trágico, libertino, romântico, erótico, sublime e cotidiano. A poesia, assim como o amor, pertence ao reino das revelações. Um fragmento ilumina a totalidade do poema, um detalhe do corpo nos leva a amar pessoa inteira, basta uma faísca de imagem: estamos enfeitiçados. Todo amor repete individualmente a aventura coletiva da humanidade: é a descoberta de um novo mundo. Somos o eixo em torno do qual gira um sistema solar: atração, brilho, distância. Mas, a felicidade amorosa se oculta no abismo que separa a posse da entrega. O amor precisa do encontro. E, parte de seu fascínio reside nesse enigmático paradoxo: somos livres quando nos sentimos ligados a alguém.

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