São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997 |
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Choque é caminho rápido até o público
ERIKA PALOMINO
Visual não-convencional; uso de palavrões; imagens que causam desconforto; a "grotesquerie"; o bizarro. Novos performers acionam, nos anos 90, a conhecida receita da rebeldia buscando provocar a reflexão de sua platéia -mesmo fora do palco. A "body language" é uma das armas. "Quando entro assim no metrô, pelo menos as pessoas estão pensando. Isso faz bem para elas.", diz Roberta Hoffman, 25. Com uma roupa transparente deixando à vista várias tatuagens e piercings, Roberta instalou na vitrine de "Babel" uma pequena reprodução de seu quarto, digitando num computador textos de sua autoria e de "malditos" como Baudelaire, Diamanda Galás e Lydia Lunch. Os textos apareciam projetados num telão, do lado de fora. "Quero falar sobre o mal-estar do cotidiano", diz. "Algumas imagens serão vistas com dificuldade, perdão em fazê-los sofrer, mas saibam que eu não estou sofrendo. Algumas imagens nos fazem fechar os olhos: a morte, o sofrimento, a abertura dos corpos, certos aspectos da pornografia (para algumas pessoas)..." Assim declara a francesa Orlan no texto que acompanha seus vídeos, em exibição contínua numa cabine em "Babel". Orlan faz cirurgias plásticas ao vivo e as registra em vídeo. Suas atividades são transmitidas por satélite e ela também responde a perguntas de seus espectadores durante as operações. A equipe cirúrgica e sua equipe pessoal estão sempre vestidas por estilistas famosos ou jovens criadores. A sala cirúrgica é inteiramente decorada com o imaginário da artista, com desenhos feitos com seu sangue e seus objetos pessoais. Na sexta, a norte-americana Karen Finley também chocou com sua narrativa de um estupro, como se contasse para sua filha o que aconteceu. Dentro da sala da intalação da artista plástica Nazareth Pacheco, Finley estava nua, somente com um avental, diante de um balde como se lavasse roupa. Gritando muito, em tom desesperado. Deixou as pessoas -e ela mesma- visivelmente consternadas. Também na sexta, a diva trash carioca Laura de Vison provocou a platéia, levando às últimas consequências a "dança da garrafa" e comendo miolos de animais, entre outras coisas (leia abaixo) . "Meu objetivo é provocar as pessoas mesmo. Vísceras e fezes são parte do ser humano, não há porque ter nojo", disse. Outro expoente da provocação entra hoje em cena no "Babel". É o polêmico bailarino mineiro Marcelo Gabriel. Ele detona agora sua versão para "O Lago dos Cisnes". O coreógrafo é atração única da programação de hoje do evento, às 21h, no teatro com 210 lugares. Os ingressos devem ser retirados com antecedência no Sesc Pinheiros, à Avenida Rebouças, 2.876, tel. 211-8865 e 211-8474). Evento: Babel Quando: até o dia 15 de junho Onde: r. Paes Leme, 149, sem telefone, Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ingressos: entrada gratuita Texto Anterior: Prédio colonial abriga 4 mil peças Próximo Texto: Laura de Vison choca e diverte Índice |
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