São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997 |
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Consultor britânico diz que falta profissionalismo
PATRICIA DECIA
Tendo entre seus clientes a American Airlines, British Telecom e o jornal "The Times", Ian Spero é o responsável pelo marketing cultural de eventos como o "Pop Art Show", segunda exposição mais vista na história da Royal Academy of Art. Ele vê o Brasil como um mercado crescente, mas carente de profissionais. "O Brasil tem muito potencial mas as pessoas aí ainda não sabem muito sobre como fazer as coisas", disse à Folha, por telefone, de Paris. A seguir trechos da entrevista. (PD) * Folha - O que o sr. faz como profissional de marketing cultural? Ian Spero - Temos uma agência cujo único objetivo não é vender um produto ou colocar o nome de uma empresa no pôster de um evento. É preciso ter uma equipe que tenha afinidade com as artes, é preciso estabelecer uma confiança no meio artístico. E o primeiro passo -importantíssimo- é traduzir a linguagem do artista e do empresário para algo em comum. Folha - Porque o empresariado se interessaria pela cultura? Spero - O consumidor está cada vez mais sofisticado e bloqueia a simples mensagem da propaganda. O marketing precisa trazer uma diferença à vida das pessoas, e as artes e a cultura oferecem uma oportunidade excelente de atingir grandes públicos obtendo melhores respostas. Um dos principais objetivos é a criação de platéia. Folha - Esse parece ser um dos principais problemas de alguns setores no Brasil, como o teatro. O que fazer para criar público? Spero - É preciso criar estratégias. Quando fizemos a "Pop Art Show", na Royal Academy of Art (uma exposição com artistas de pop art) nos ligamos à música pop no Reino Unido. E, com uma dezena de pequenas ações, conseguimos que 40% do público a visitar a exibição tivesse menos de 18 anos. Folha - No Brasil de hoje estão aumentando os benefícios fiscais para atrair os empresários aos projetos culturais. Qual sua opinião sobre essa política? Spero - Eu acredito em qualidade, não quantidade. Acho bom que se dê incentivos, mas o que é essencial é algum tipo de monitoramento, onde pelo menos se tenha certeza de que a proposta do projeto será realizada como deveria. Um sistema como o do Brasil tende a sofrer abusos. As agências de marketing também devem passar por isso. A falta de um controle de qualidade é contraproducente. Folha - Mas isso não é ruim para a diversidade dos projetos? Spero - Não falo de conteúdo, me refiro a exigir profissionalismo das pessoas envolvidas. Texto Anterior: Setor ganha revista especializada Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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