São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
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EUA indiciam suspeito da morte de Levin

Corey Arthur foi preso no sábado

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A Justiça do Estado de Nova York indiciou Corey Arthur, um ex-aluno de Jonathan Levin, pelo seu assassinato. Levin, 31, era filho de Gerald Levin, presidente da Time Warner, a maior empresa de comunicação do mundo.
Arthur, 19, foi preso no sábado num conjunto habitacional popular após denúncia anônima recebida pela polícia. Ele havia sido identificado por uma câmera de TV instalada no caixa automático em que retirara US$ 800 com o cartão de Levin. A polícia diz também ter achado suas impressões digitais no apartamento de Levin e uma mensagem sua na secretária eletrônica do professor, em que dizia: "Preciso vê-lo; é importante".
Depois, amarraram Levin e o torturaram com facadas no peito até ele revelar a senha do cartão bancário. Após pegarem o dinheiro, segundo a polícia, eles voltaram ao apartamento, e Arthur matou Levin com um tiro na cabeça.
Poucas pessoas na Taft High School, a escola secundária no bairro do Bronx, de classe média baixa, onde Levin ensinava inglês desde 1993, sabiam que seu pai é um dos executivos mais bem pagos dos EUA.
Uma delas era Cleo Tejada, que namorou com Levin por alguns meses. Segundo ela, Levin se decepcionara com a vida de milionário que tivera até os 25 anos e resolvera se dedicar a ajudar pessoas pobres e com problemas, como seus alunos, a maioria negros e hispânicos, na Taft.
Diversos estudantes dizem que Levin não se limitava a dar aulas. Os alunos que mostrassem melhor desempenho recebiam prêmios dele, como ingressos para eventos esportivos e jantares em restaurantes. Ele costumava acompanhar seus melhores alunos em atividades extracurriculares e os orientava em suas vidas profissionais. Recebia e aconselhava os que tinham problemas com a lei.
Um deles foi Arthur, que já havia sido preso duas vezes por furto e uma, em 1994, por posse de droga. Arthur cumprira pena de sete meses de cadeia e estava em liberdade condicional quando, segundo a polícia, roubou e matou Levin.
Apesar de ter sido expulso da Taft em 1995 por roubo, Arthur continuou a pedir ajuda a Levin, que o incentivava a seguir a carreira artística. Arthur dizia querer se tornar cantor de rap, o ritmo mais popular entre os negros norte-americanos. Levin o ajudou a obter algumas apresentações em boates de Manhattan, onde cantava usando o pseudônimo de "Big C".
Levin tinha um mestrado em educação pela Universidade de Nova York. Seu pai, que tem estado desde janeiro sob pressão dos acionistas da Time Warner para renunciar, não comentou em público o assassinato do filho.

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