São Paulo, segunda-feira, 9 de junho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição do Congo diz que domina capital

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Milícias de oposição e tropas do governo mant'iveram violentos choques armados ontem em Brazzaville, capital da República Popular do Congo. Os rebeldes dizem que dominam a maior parte da cidade, que é vizinha do antigo Zaire. Segundo testemunhas, centenas de pessoas morreram.
Os combates começaram na quinta-feira passada, quando soldados do Exército cercaram e atacaram a residência do ex-presidente Denis Sassou Nguesso, provável candidato às eleições presidenciais de 27 de julho. O braço armado do partido de oposição liderado por Nguesso respondeu à agressão ocupando prédios públicos de Brazzaville. O presidente Pascal Lissuba nega responsabilidade pelo início do conflito.
Os rebeldes das Forças Democráticas Unidas (FDU) afirmavam na tarde de ontem que sua milícia já controlava "muito mais da metade da capital". O líder da FDU, Ambroise Numazalaye, negou, porém, que a operação militar seja uma tentativa de golpe, como acusou o governo. Em um comunicado divulgado ontem, o governo disse que Nguesso "tentava mais uma vez um golpe de Estado".
"Não é golpe de Estado. Não fomos nós que atacamos os outros. Estávamos tranquilamente em nossa casa", disse Numazalaye.
Um soldado francês foi morto a tiros nos combates de sábado, e outros cinco foram feridos durante uma operação para reunir civis franceses em lugares mais seguros.
A França mantinha 450 soldados em Brazzaville para ajudar na retirada de seus cidadãos da vizinha Kinshasa, capital do antigo Zaire (hoje República Democrática do Congo), que foi tomada por rebeldes no mês passado.
Mais 500 soldados devem ser enviados hoje para reforçar a segurança dos 2.000 franceses no país.
À tarde, os combates se concentraram na região central de Brazzaville, com a participação de blindados leves, segundo relatou uma testemunha à "France Presse".
Os rebeldes, conhecidos como "Cobras", tentavam tomar o quartel-general das Forças Armadas. Em resposta, o governo teria disparado foguetes em direção ao subúrbio onde se concentram os opositores, ferindo civis. Não há estimativas oficiais de mortos, mas um membro de agência humanitária relatou que há "centenas de corpos" nas ruas.
O primeiro-ministro congolês, David Charles Ganao, deve se encontrar com Nguesso na próxima quarta-feira, informaram fontes ligadas ao ex-presidente.
Ganao havia proposto cessar-fogo imediato e aceitado mediação proposta pelo prefeito de Brazzaville, de oposição, e pelo presidente do vizinho Gabão, Omar Bongo. Nguesso se disse disposto a encerrar os combates desde que o governo reconheça a agressão.

Texto Anterior: Saddam sofria de impotência
Próximo Texto: ONU adia saída de tropas de Angola
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.