São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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Doença compromete 3,5 milhões de pés

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA FOLHA RIBEIRÃO

O nível de infestação do amarelinho e os baixos preços na safra passada estão levando produtores tradicionais a trocar a laranja por cana e frutas.
Levantamento do Fundecitrus (Fundo Paulista de Defesa da Citricultura) mostra que o amarelinho atingiu no ano passado 23,7% das plantas vistoriadas no Estado, o que, se projetado para toda a área produtora, representa 50 milhões de pés. Desse total, 3,5 milhões de pés já estão totalmente comprometidos.
Segundo o coordenador científico do Fundecitrus, Antonio Juliano Ayres, os produtores resistem em renovar áreas de laranja porque a doença prejudica principalmente as plantas novas.
O amarelinho, provocado por uma bactéria transmitida por pelo menos três tipos de cigarrinhas (inseto que se alimenta da seiva dos vegetais), deixa a fruta pequena, sem valor comercial.
O presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga (SP), Marco Antonio dos Santos, diz que nas regiões mais atingidas, norte e nordeste do Estado, há risco de a cultura acabar. "O produtor está sem dinheiro para adotar medidas de controle", afirma.
Produtor há 35 anos, Vicente Restani, 54, de Taquaritinga, desistiu da laranja. Plantou goiaba entre as laranjeiras no único pomar, de 2.000 pés, que ainda resta na propriedade. O pomar está tomado de amarelinho e vai ser erradicado nos próximos dois anos, quando a goiaba entrar em produção. As outras áreas foram trocadas por limão.
Enéas José Bellodi, 55, citricultor de Taquaritinga, onde tem 86 alqueires, também desistiu da laranja. Há 15 dias, arrancou os últimos 1.070 pés, dos 20 mil pés que chegou a ter.
"Esse último talhão produziu 1.470 caixas, mesmo com os pés carregados, só que a fruta era muito pequena", diz Bellodi.
Outro produtor que preferiu a cana é José Valério, 48, que mantém propriedades em Itápolis, Borborema e Taquaritinga. Ele arrancou 4.000 pés para dar lugar à cana. "Sem uma melhora nos preços, muitos citricultores vão desistir."
Outra doença que afeta os pomares é o cancro cítrico.
O Fundecitrus registrou 41 focos de cancro cítrico no Estado de São Paulo até abril. Cerca de 15 mil árvores foram contaminadas e outras 57 mil foram erradicadas ou podadas no Estado paulista.
Segundo Cícero Massari, do Fundecitrus, há um temor geral dos produtores. "Eles acham que o cancro desvaloriza a propriedade", diz Massari.

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