São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 1997
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'Acidente é acidente', afirma secretário

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Obras e Vias Públicas, Reynaldo de Barros, relativizou o problema do buraco que apareceu na noite de ontem no pátio da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) sob a ponte Ary Torres, entre a avenida dos Bandeirantes e a marginal Pinheiros (zona sul de São Paulo).
"Acidente é acidente. É imprevisível. A cidade de São Paulo tem muitos problemas, são obras antigas e que não foram mantidas", disse Reynaldo de Barros.
"Quando o Taliba (Paulo, superintendente de obras da Secretaria Municipal de Vias Públicas) me ligou hoje (ontem) à 1h da manhã, eu estava dormindo. Quando ouvi a voz dele, pensei 'Caiu a ponte', mas era só o buraco da Ary Torres", disse o secretário.
Segundo Reynaldo de Barros, o local deve ser liberado em dois dias. Foi contratada, em regime de emergência, a empreiteira Camargo Corrêa para recuperar a galeria.
"Mas a previsão pode mudar, porque a Bandeirantes foi afetada e o transporte de material em caminhões pode ser prejudicado."
Causas
O engenheiro Domingos Alberto de Miranda Gonçalves, diretor da divisão de obras de águas pluviais da Secretaria Municipal de Vias Públicas, diz que ainda não é possível apontar causas.
Ele desconfia, porém, que o buraco tenha sido provocado por "envelhecimento precoce" do concreto da laje da galeria do córrego da Traição.
A galeria é relativamente nova, foi construída entre 1979 e 1989 (a Secretaria Municipal de Vias Públicas não soube precisar a data). A cidade tem galerias muito mais velhas, ainda em perfeito estado.
O engenheiro afirma que o envelhecimento precoce deve ter sido motivado por ligações irregulares de esgoto. Segundo ele, o gás sulfídrico, produzido pelo esgoto, pode ter atacado o concreto.
O engenheiro Marcelo Rozenberg, da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, diz que pode acontecer que as marcas normalmente deixadas nesse caso não fiquem evidentes.
Rozenberg critica os métodos de vistoria utilizados no Brasil. "Não são feitos relatórios. Como o técnico que faz a inspeção não conhece o histórico do local, às vezes pode não perceber certas alterações."
O presidente da associação diz que o poder público não faz manutenção preventiva. "No Brasil, quase sempre, só é feita manutenção emergencial", diz.
O trecho destruído da galeria terá de ser projetado, segundo engenheiros da prefeitura. Até quarta-feira, o buraco deverá ter suas paredes laterais concretadas para evitar que se alargue.
A CET ainda não decidiu se vai indenizar os funcionários que tiveram seus carros destruídos.

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