São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 1997
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EUA estudam liberar 'coquetel preventivo'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os EUA estão considerando a hipótese de permitir a prescrição de coquetéis de drogas contra a Aids como uma espécie de pílula do dia seguinte, isto é, para pessoas que temem ter contraído o HIV depois de terem tido relações sexuais não-seguras -sem o uso de preservativo. A idéia seria tomar as drogas por um mês para frear o desenvolvimento do vírus, no caso de ele ter invadido o corpo.
O governo afirma saber que alguns médicos já estão prescrevendo o coquetel de drogas antes do diagnóstico do HIV. Não há provas de que ele funcione. Muitos médicos temem que o governo estimule sexo não-seguro.
"Será uma situação complicada recomendar o coquetel como um pílula do dia seguinte. Como poderíamos fazer um estudo para ver se o uso do coquetel nessa situação funciona?", disse David Rimland, da escola de medicina da Universidade Emory.
Segundo Robert Janssen, diretor da divisão de prevenção à Aids dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o órgão está convidando médicos e funcionários da área federal de saúde para participar, em julho, de um encontro em Atlanta que discutirá a possibilidade de haver uma recomendação favorável à idéia.
"Pode haver algumas situações em que o uso seria apropriado, mas tal tratamento não deve ser usado por pessoas expostas continuamente ao vírus por causa de seu comportamento imprudente."
Os coquetéis costumam combinar inibidores da transcriptase reversa, uma proteína fundamental à reprodução do vírus, com inibidores de protease, que impedem o amadurecimento do HIV. As drogas são tóxicas e normalmente dão inúmeros efeitos colaterais, como vômitos e diarréia.
As discussão foram promovidas depois de os CDCs terem feito novas recomendações aos funcionários de saúde expostos ao vírus no trabalho.
No ano passado, os CDCs recomendaram que funcionários que se picassem acidentalmente com agulhas ou ficassem expostos a sangue começassem a tomar imediatamente uma combinação de drogas contra a Aids.
O AZT e o 3TC, ambos inibidores de transcriptase, foram recomendados em caso de exposições de baixo risco, como respingos de gotas de sangue. Para funcionários que se picassem com agulhas, foram recomendadas essas drogas e também o indinavir, inibidor de protease.
A recomendação foi feita após estudo que mostrou que funcionários de saúde nos EUA, Reino Unido e França que tomaram AZT depois de terem se picado acidentalmente tiveram o risco de contrair o vírus reduzido em 79%.

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