São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 1997
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Que vença o pior

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Dizem que o boxe, apesar de ser chamado pelos entendidos de "nobre esporte", tem um dos submundos mais sujos de qualquer sociedade. Não sei se é lenda, rola muito dinheiro no setor.
O futebol também tem sujeiras; até campeonato de cuspe à distância, uma vez regulamentado, termina na vala comum dos subornos e compra daquilo que se convencionou chamar de "consciências".
Não sei se é verdade, mas dizem que o juiz, quando antes da luta chama os contendores ao centro do ringue, além de lembrar algumas regrinhas básicas do nobilíssimo esporte de esmurrar o próximo, termina com a advertência: "Que vença o melhor!"
Todo mundo sabe que a política pode ser tudo, inclusive um esporte. Mas nada tem de nobre. Se há algum lema a presidir o destino dos políticos, acho que deve ser o oposto ao do boxe: "Que vença o pior!"
Daqui a ano e meio teremos eleições. Três cidadãos entrarão no ringue para disputar o título de presidente da República. Como no boxe, ou mais ainda, rolará muito dinheiro sujo na disputa. E os três prováveis candidatos, antes mesmo da campanha, já apresentam uma folha corrida suspeita.
Lula era uma vestal até há pouco. Morava de graça na casa de um amigo -fato em si corriqueiro e que nada teria de mais se ele não fosse, potencialmente, um candidato forte e, de quebra, presidente de honra de um partido que tem governadores e prefeitos espalhados por aí.
Maluf tem longa estrada em matéria de imagem. Flutua entre o inferno e o purgatório, nunca chegando ao céu. Como tem larga tarimba em matéria de imagem, pode até dar a volta por cima.
FHC arrancou do Congresso uma lei que retroage para beneficiá-lo. A classe política, em sua maioria, continua investindo nele porque é o mais acomodado à situação de refém. Para manter a coligação majoritária, faz e fará qualquer coisa. É o pior.

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