São Paulo, quarta-feira, 11 de junho de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Revisão condicionada em 99
FERNANDO RODRIGUES Brasília - Já que todo mundo palpita sobre um eventual Congresso revisor da Constituição, a partir de 99, ontem o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), fez sua avaliação do assunto, a pedido desta coluna.Temer, um constitucionalista, considera viável um Congresso com poderes para revisar a Constituição apenas nas seguintes condições: "Tem que ser para enxugar o texto. Os direitos sociais já existentes não devem ser subtraídos. E as reformas já aprovadas, assim como as cláusulas pétreas, não podem ser revistas". Além de tudo isso, e principalmente para que ninguém conteste o Congresso revisor na Justiça, seria necessário submeter esse grande passo político a consulta popular. A grande negociação seria sobre os termos dessa consulta. "Poderíamos fazer um documento relacionando o que não seria modificado na Constituição. Petrificaríamos alguns itens", afirma o presidente da Câmara. Esse documento seria a peça-chave do plebiscito. Na eleição do ano que vem, então, os eleitores diriam se aceitam dar poderes aos próximos deputados e senadores para revisar a Carta. Isso nas condições estipuladas previamente pelos atuais congressistas. No termo criado por Temer, será um "Congresso revisor condicionado". A oposição e até gente da base governista são contra a idéia. "É um golpe. Se sair o Congresso revisor, toda hora vão querer fazer isso para facilitar a vida do governo da vez. É ridículo", diz Delfim Netto (PPB-SP). Ainda é cedo para saber se vai ou não vingar essa revisão condicionada em 99. Os governistas preferem esperar antes de pular de cabeça no assunto -afinal, há diversas reformas tramitando pelo pelo método convencional na Câmara e no Senado. Mas é tudo uma questão de tempo. O debate sobre o Congresso revisor deve dominar o cenário político em algum momento antes da eleição do ano que vem. A não ser que as reformas atuais sejam todas aprovadas como deseja o governo -uma hipótese, se não impossível, para lá de remota. Texto Anterior: Epidemia de conformismo Próximo Texto: Que vença o pior Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |